São Paulo, quarta, 19 de novembro de 1997.




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VERNISSAGES
Mostra de Benjamim quer renegar arte contemporânea

FERNANDO OLIVA
da Redação

Marcos Benjamim não está nem aí para a arte contemporânea. Faz questão de dizer que seu trabalho é artesanato e que lida com o óbvio.
Mas expõe, a partir de hoje, numa galeria de arte contemporânea, esculturas sem título que remetem basicamente à religiosidade e à memória. Mais: seu trabalho com quadrinhos dos anos 70 é uma de suas referências mais importantes.
A mostra do artista mineiro dialoga com o imaginário de sua terra natal. "Quero a minha origem em pauta, fazer uma obra internacional, mas que tenha certa paternidade histórica", diz ele. Globalizado, dialoga com o regional. Mais contemporâneo, impossível.
O resultado é, ao mesmo tempo, rústico e delicado, agressivo e sutil. Tal como na mistura de pedras azul-marinho com metal enferrujado que domina parte da exposição. Ou na grande escultura circular de zinco, onde ele desenhou diretamente com solda elétrica.
Benjamim trabalha com formas simples -ou silenciosas, como prefere. São objetos utilitários, "mas que perderam sua função há muito tempo", como pequenos castiçais e oratórios, ou uma fôrma de bolo enferrujada em forma de coração que ele esburacou toda.
"Quero usar coisas básicas do inventário humano, uma roda, por exemplo, e transformá-la em algo interessante, sedutor até", afirma este autodenominado "arquiteto de coisas inúteis".
"Eu nem sei onde me encontro. Será que eu participo de um momento contemporâneo nas artes ou apenas nasci nesse momento?"
Benjamim talvez não saiba -na verdade, ele não se importa-, mas esta é uma autêntica mostra de arte contemporânea.

Mostra: Marcos Coelho Benjamim Onde: Marília Razuk Galeria de Arte (r. Jerônimo da Veiga, 62, tel. 011/881-9853) Quando: seg. a sex., 10h30 às 19h; sáb., 10h30 às 13h (vernissage hoje, às 19h)


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