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VERNISSAGES
Mostra de Benjamim quer
renegar arte contemporânea
FERNANDO OLIVA
da Redação
Marcos Benjamim não está nem
aí para a arte contemporânea. Faz
questão de dizer que seu trabalho é
artesanato e que lida com o óbvio.
Mas expõe, a partir de hoje, numa galeria de arte contemporânea,
esculturas sem título que remetem
basicamente à religiosidade e à
memória. Mais: seu trabalho com
quadrinhos dos anos 70 é uma de
suas referências mais importantes.
A mostra do artista mineiro dialoga com o imaginário de sua terra
natal. "Quero a minha origem em
pauta, fazer uma obra internacional, mas que tenha certa paternidade histórica", diz ele. Globalizado, dialoga com o regional. Mais
contemporâneo, impossível.
O resultado é, ao mesmo tempo,
rústico e delicado, agressivo e sutil.
Tal como na mistura de pedras
azul-marinho com metal enferrujado que domina parte da exposição. Ou na grande escultura circular de zinco, onde ele desenhou diretamente com solda elétrica.
Benjamim trabalha com formas
simples -ou silenciosas, como
prefere. São objetos utilitários,
"mas que perderam sua função há
muito tempo", como pequenos
castiçais e oratórios, ou uma fôrma de bolo enferrujada em forma
de coração que ele esburacou toda.
"Quero usar coisas básicas do
inventário humano, uma roda,
por exemplo, e transformá-la em
algo interessante, sedutor até",
afirma este autodenominado "arquiteto de coisas inúteis".
"Eu nem sei onde me encontro.
Será que eu participo de um momento contemporâneo nas artes
ou apenas nasci nesse momento?"
Benjamim talvez não saiba -na
verdade, ele não se importa-,
mas esta é uma autêntica mostra
de arte contemporânea.
Mostra: Marcos Coelho Benjamim
Onde: Marília Razuk Galeria de Arte (r.
Jerônimo da Veiga, 62, tel. 011/881-9853)
Quando: seg. a sex., 10h30 às 19h; sáb.,
10h30 às 13h (vernissage hoje, às 19h)
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