São Paulo, segunda-feira, 19 de novembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RELÂMPAGOS

Sul extremo

JOÃO GILBERTO NOLL

Eis-me por Pelotas em direção ao Carnaval dos mortos. A mortalha com a cauda pelo asfalto. Sou alguém que com nada se parece. Não sou rei, cardeal, vivo naufragando nas águas dessa imagem. Visto o que escondia num aquário tinto para inebriar essa viagem -tão irreal que minhas sandálias me sobrevoam feito naves. Dói-me na mão o calo da escrava. Sou aparição confessa. Ao chegar ao Laranjal terei enfim um sumiço enluarado. À beira do mar doce de fato a molecada vem e me escoiceia, sou levado morto em andor e enterrado vivo, na terra não me encolho com as pedradas -pétalas. Sou a Baronesa sem o seu Museu, dele só levo os galões de uma farda ilustre por baixo das anáguas. Aqui menstruo pelos poros, ah!, e me desfaço em lendas, sêmen...



Texto Anterior: "Seda pura": Simone procura expurgar imagem brega
Próximo Texto: Música: Supla lança nas bancas os hits de "Casa dos Artistas"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.