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MÚSICA
Influenciando e influenciado por Los Hermanos, baterista do grupo indie Acabou la Tequila faz estréia solo
Nervoso mistura pop, rock e iê-iê-iê
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Ó lá mais um imitador do grupo
Los Hermanos, você pode vir a
pensar -mas não é bem assim. O
disco solo de estréia do baterista,
compositor e cantor Nervoso é
um daqueles casos em que criadores e criaturas se confundem
numa única e complexa figura.
A influência dos Hermanos no
independente "Saudade das Minhas Lembranças" é real e reconhecida pelo próprio artista carioca, nascido André Gustavo
Perlingeiro Paixão há 32 anos.
Mas ocorre que, antes de influenciá-lo, Los Hermanos foram
influenciados por uma das bandas de origem de Nervoso, o Acabou la Tequila. "Marcelo Camelo
fala até hoje que montou a banda
por causa do Acabou la Tequila",
reivindica Nervoso, que tem esse
apelido desde pequeno, mas diz
que hoje em dia só fica nervoso
por ter "muitas idéias e pouco
tempo para concretizar".
É que ele, que é jornalista formado, foi editor de texto de TV e é
dono de produtora de áudio, já
circulou e/ou circula por bandas
como Beach Lizards, Acabou la
Tequila, Autoramas e Matanza. Já
substituiu esporadicamente o baterista dos Hermanos e tocou na
banda de Wander Wildner.
Esse último dado de currículo,
aliás, ajuda a explicar a inusitada
proximidade de seu som de underground carioca com o pop
rock gaúcho. "Graças ao Kassin
[líder do Acabou la Tequila], a
gente ouvia Júpiter Maçã, Graforréia Xilarmônica, Wander Wildner, eu absorvi muito tudo isso."
Se o universo de referências citadas (mais a vivência adolescente
com heavy metal, punk rock e
Tom Waits) parece disparatado,
talvez o disparate seja apenas aparente. Essa patota toda possui um
referencial em comum, prontamente encampado por Nervoso: a
jovem guarda dos anos 60.
"Meu pai era diretor de câmera
na TV, gravou Roberto Carlos,
Wanderléa, todo mundo. Tenho
vergonha de quando ele me levou
no Rock in Rio e eu, com 11 anos,
também queria jogar pedra no
Erasmo Carlos, que estava abrindo com "som romântico" o show
do Iron Maiden", lembra.
Hoje ele se diz tão irritado com
aquele comportamento como seu
pai ficou no dia; o pai, por sua vez,
já não se pronuncia sobre a contrariedade de o filho ser músico. E
Nervoso mira outro alvo central
de seu rock, de sua música, de seu
CD: "Já era apaixonado pelo Roberto Carlos aos oito anos, adorava "A Guerra dos Meninos" (80)".
É tanto assim que seu tempo
agora se divide também entre o
preparo da banda Os Tremendões, que copia nome de grupo iê-iê-iê de Erasmo e toca "tudo" de
Erasmo, Wanderléa e, sobretudo,
de Roberto Carlos. O primeiro
show deve acontecer no Rio em
22 de dezembro, com participação de Lafayette, organista original da jovem guarda, em pessoa.
"Fomos encontrá-lo tocando forró em barzinho do subúrbio",
conta Nervoso, transpirando saudade das suas lembranças.
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