São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2006

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Roberto Carlos volta mais "atrevido"

Músicos, como Scandurra, celebram o fato de o Rei estar fazendo as pazes com músicas antigas, como "Negro Gato"

Ainda há ingressos para o show extra da temporada paulistana, que acontece no dia 28 de novembro, no Credicard Hall

SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Final de ano é sempre tempo de falar de Roberto Carlos. Seja porque começam os burburinhos sobre como será o próximo CD (parece que, desta vez, há um projeto de duetos a caminho), seja por causa do tradicional especial de Natal, previsto para o dia 16 de dezembro.
No último dia 9, o cantor começou uma minitemporada de shows em São Paulo, que lotou o Credicard Hall em quatro apresentações e que segue em mais duas datas, 23 e 28 de novembro, a segunda ainda com ingressos disponíveis. E, embora o formato do espetáculo siga sendo praticamente o mesmo há tempos, de uns anos para cá tem sido possível notar que o Rei, 65, está entrando numa nova fase, menos religiosa, e, de novo, mais "atrevida".
Parte do material composto ou trazido à tona após a morte da mulher do cantor, Maria Rita, em 99, está dando lugar a canções antigas, do tempo da jovem guarda, banidas ou afastadas ou por serem demasiado sexuais ou por fazerem menção a temas sombrios.

Transformação
"Parece que a terapia está dando certo", diz o cantor, depois de interpretar "Negro Gato" em ritmo de blues, na noite de estréia. "Fazia tempo que eu não cantava essa música."
Mais um sinal da lenta transformação do Rei é o fato de ele estar sendo menos intransigente com releituras de suas canções. O mais recente episódio nesse sentido foi a liberação de "Eu Sou Terrível" -depois de alguma resistência- para a trilha sonora de "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias".
Mas opinar sobre como um artista que atravessou tantas fases -de transgressor e líder de movimento cultural nos anos 70 a intérprete comercial-brega-religioso nos anos 80 e 90- deve administrar seu repertório não é tarefa fácil.
Artistas ouvidos pela Folha comemoram o fato de Roberto estar fazendo as pazes com as músicas antigas. "Acho mesmo que ele deveria fazer mais, se permitir novos questionamentos, ouvir mais David Bowie, se abrir de novo para o rock.... e me chamar para tocar um solo de guitarra num show dele. Isso eu ia achar o máximo", diz Edgard Scandurra, do Ira!
Já Samuel Rosa, do Skank, acha que "é bom que um artista faça as pazes com suas músicas, mas também entendo quando queira dar um tempo delas, se não condizerem com a fase que está vivendo". Para Kiko Zambianchi, o fato de Roberto Carlos "ter ficado brega" é típico do Brasil. "A primeira geração que vai envelhecer fazendo rock é a nossa, dos anos 80. Até então era difícil continuar atingindo o público sem fazer concessões como as que ele fez."
O DJ Marky, que, com Xerxes, remixou recentemente "Calhambeque", diz que adoraria retrabalhar outras músicas do Rei. ""Negro Gato" ele não deixou a gente fazer, mas eu queria muito remixar outras, como "Por Isso Eu Corro Demais" ou "Detalhes'".
Para o colunista da Folha Nelson Motta o fato de Roberto Carlos estar liberando músicas para gravações de outros artistas e para filmes é "animador". Enfim, é difícil dizer o que o cantor mais popular e importante do Brasil deve fazer. Ele mesmo, avesso a entrevistas, não dá muitas pistas. Parece que só resta seguir o conselho que, há anos, ele dá nos seus espetáculos: "Tenho tantas coisas para dizer, mas acho que farei isso melhor... cantando".


ROBERTO CARLOS
Quando:
dia 28, às 21h30 (show extra)
Onde: Credicard Hall (av. Nações Unidas, 17.955, tel. 0/xx/11/6846-6010)

Quanto: R$ 60 a R$ 190


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