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Roberto Carlos volta mais "atrevido"
Músicos, como Scandurra, celebram o fato de o Rei estar fazendo as pazes com músicas antigas, como "Negro Gato"
Ainda há ingressos para o show extra da temporada paulistana, que acontece
no dia 28 de novembro, no Credicard Hall
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Final de ano é sempre tempo
de falar de Roberto Carlos. Seja
porque começam os burburinhos sobre como será o próximo CD (parece que, desta vez, há um projeto de duetos a caminho), seja por causa do tradicional especial de Natal, previsto para o dia 16 de dezembro.
No último dia 9, o cantor começou uma minitemporada de
shows em São Paulo, que lotou
o Credicard Hall em quatro
apresentações e que segue em
mais duas datas, 23 e 28 de novembro, a segunda ainda com
ingressos disponíveis. E, embora o formato do espetáculo siga
sendo praticamente o mesmo
há tempos, de uns anos para cá
tem sido possível notar que o
Rei, 65, está entrando numa
nova fase, menos religiosa, e, de
novo, mais "atrevida".
Parte do material composto
ou trazido à tona após a morte
da mulher do cantor, Maria Rita, em 99, está dando lugar a
canções antigas, do tempo da
jovem guarda, banidas ou afastadas ou por serem demasiado
sexuais ou por fazerem menção
a temas sombrios.
Transformação
"Parece que a terapia está
dando certo", diz o cantor, depois de interpretar "Negro Gato" em ritmo de blues, na noite
de estréia. "Fazia tempo que eu
não cantava essa música."
Mais um sinal da lenta transformação do Rei é o fato de ele
estar sendo menos intransigente com releituras de suas
canções. O mais recente episódio nesse sentido foi a liberação
de "Eu Sou Terrível" -depois
de alguma resistência- para a
trilha sonora de "O Ano em que
Meus Pais Saíram de Férias".
Mas opinar sobre como um
artista que atravessou tantas
fases -de transgressor e líder
de movimento cultural nos
anos 70 a intérprete comercial-brega-religioso nos anos 80 e
90- deve administrar seu repertório não é tarefa fácil.
Artistas ouvidos pela Folha
comemoram o fato de Roberto
estar fazendo as pazes com as
músicas antigas. "Acho mesmo
que ele deveria fazer mais, se
permitir novos questionamentos, ouvir mais David Bowie, se
abrir de novo para o rock.... e
me chamar para tocar um solo
de guitarra num show dele. Isso eu ia achar o máximo", diz
Edgard Scandurra, do Ira!
Já Samuel Rosa, do Skank,
acha que "é bom que um artista
faça as pazes com suas músicas,
mas também entendo quando
queira dar um tempo delas, se
não condizerem com a fase que
está vivendo". Para Kiko Zambianchi, o fato de Roberto Carlos "ter ficado brega" é típico do Brasil. "A primeira geração
que vai envelhecer fazendo
rock é a nossa, dos anos 80. Até
então era difícil continuar atingindo o público sem fazer concessões como as que ele fez."
O DJ Marky, que, com Xerxes, remixou recentemente
"Calhambeque", diz que adoraria retrabalhar outras músicas
do Rei. ""Negro Gato" ele não
deixou a gente fazer, mas eu
queria muito remixar outras,
como "Por Isso Eu Corro Demais" ou "Detalhes'".
Para o colunista da Folha
Nelson Motta o fato de Roberto
Carlos estar liberando músicas
para gravações de outros artistas e para filmes é "animador".
Enfim, é difícil dizer o que o
cantor mais popular e importante do Brasil deve fazer. Ele
mesmo, avesso a entrevistas,
não dá muitas pistas. Parece
que só resta seguir o conselho
que, há anos, ele dá nos seus espetáculos: "Tenho tantas coisas para dizer, mas acho que farei isso melhor... cantando".
ROBERTO CARLOS
Quando: dia 28, às 21h30 (show extra)
Onde: Credicard Hall (av. Nações Unidas, 17.955, tel. 0/xx/11/6846-6010)
Quanto: R$ 60 a R$ 190
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