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Com "Lula", Barreto diz que vai se aposentar
Produtor afirmou que filme sintetiza sua carreira
ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Foi com os olhos vermelhos
que Luiz Carlos Barreto encerrou a passagem do longa "Lula,
o Filho do Brasil" pelo Festival
de Brasília.
Ao término da entrevista
concedida a jornalistas no Hotel Nacional, no final da manhã
de ontem, o produtor, que tem
cerca de 50 filmes no currículo,
pegou o microfone para anunciar a aposentadoria.
"Minha filha, tô com 81 anos.
Depois desse filme, falei: "Chega". Tá na hora de colocar os
meninos para trabalhar", disse,
em conversa com a Folha.
Os meninos são os diretores
Bruno e Fábio, e a produtora,
Paula. Todos Barreto. "O "Lula"
sintetiza minha carreira. O que
vou fazer depois disso? Pendurar as chuteiras."
Saído de uma noite de tensão
e de puxões de orelha em público, durante a pré-estreia do filme, Barretão parecia ter conversado com o travesseiro.
Além de divulgar o afastamento da produtora de sua
propriedade, a LC Barreto, elogiou o Festival de Cinema de
Brasília e agradeceu a presença
do público que, a despeito da
superlotação e dos pedidos para que se retirasse - feitos por
ele próprio- não arredou pé.
Barretão não foi o único a se
explicar. Fábio Barreto, o diretor, também tentou apaziguar
as coisas durante a conversa
com os jornalistas e, até, revertê-las em seu proveito.
"O importante é que a força
do filme se impôs. O que aconteceu no início não atrapalhou
em nada a projeção", disse, em
referência à falta de lugares e
de segurança.
Mea-culpa e culpas expostas,
o tema que dominou as discussões foi, é claro, a política.
Do momento pré-eleitoral à
idealização do protagonista,
um homem que tem apenas
virtudes, foram muitas as perguntas que procuram ligar o
que se passa na tela ao que se
passa no Palácio do Planalto.
O diretor tentou, no entanto,
manter a tônica apolítica.
"Qualquer forma de expressão artística vem acompanhada
de um caráter político, assim
como a recepção dessa obra",
tergiversou. "Mas a opção não é
por um filme político, e sim por
um melodrama épico."
Nesse clima épico, a equipe
seguiu de Brasília para Recife,
onde o filme será exibido hoje à
noite, num cinema de 2.500 lugares, com familiares do presidente na plateia.
O périplo continua no dia 28,
quando Lula acompanhará
uma sessão, em São Bernardo,
no ABC paulista, ao lado de sindicalistas.
Segundo Barreto, foi o próprio Lula quem, na noite de
terça-feira, ao receber a equipe
do filme para um coquetel em
sua residência oficial, disse que
iria à exibição no ABC e que,
antes disso, não veria o filme.
Os produtores alinhavam a
distribuição internacional. Já
se sabe que, na Argentina, o
longa estreia em março.
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