São Paulo, quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

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TRECHO

Eu vi que Rosa estava em
preparativos misteriosos e
ajudei a não quebrar o
mistério para não desiludi-la:
pensei que ela estava
preparando um bolo. De tarde
saímos, e, quando voltamos,
de repente ouvimos o som de
sininhos e Rosa chamando.
Fomos à sala de jantar e
deparamos com o seguinte:
Rosa pálida de emoção numa
sala só iluminada com
velinhas... diante de uma
grande árvore de Natal,
coberta de luzes, de
passarinhos de celulóide, de
bolas brilhantes. Fiquei tão
emocionada que nem podia
falar. Rosa pensou que era por
causa da árvore e não
adivinhou que era por causa
dela. Ela tinha pendurado nos
ramos da árvore aquelas
estrelinhas de S. João e tinha
aceso todas [...] Enfim, a árvore
linda e iluminada, que para
mim ficou como símbolo da
bondade humana, está toda
pobrezinha no sótão da casa,
cheia de velinhas, tendo em
cada ramo o coração de Rosa.

Extraído de "Minhas Queridas", de Clarice Lispector, organizado por Teresa Montero

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