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Cineastas pedem mais reserva de mercado
Proposta é aumentar em 15% a cota de exibição obrigatória de filmes nacionais
Resultado de bilheteria até novembro indica aumento de público para produções brasileiras e queda para estrangeiras em 2007
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo decide, nos próximos dias, qual será a reserva de
mercado para o filme brasileiro
em 2008. A cota de tela -número de dias de exibição obrigatória de filmes brasileiros nas
salas comerciais- é fixada por
decreto, a cada ano.
O mecanismo visa a proteger
a produção nacional do que seria uma competição desigual,
em seu próprio território, com
o produto estrangeiro hegemônico -os filmes de Hollywood.
Os cineastas pedem aumento
de 15% em relação à cota de
2007, que é de 28 dias de exibição de filmes brasileiros para
salas individuais. A cifra sobe
no caso dos complexos. Conjuntos de nove salas têm cota
de 52 dias para cada uma.
"O argumento dos exibidores
[proprietários de cinema] para
não aumentar a cota de tela
sempre foi o de que não havia
produção suficiente de filmes
brasileiros. Agora há", diz Ícaro
Martins, presidente da Apaci
(Associação Paulista de Cineastas), que requereu o aumento
da cota de tela em reunião na
Ancine (Agência Nacional do
Cinema), que regula o setor.
O total de títulos brasileiros
lançados neste ano deverá chegar a 82, com as estréias previstas até o próximo dia 25.
Público
O público dos filmes nacionais cresceu 11% em relação a
2006 (até o mês de novembro),
enquanto os filmes estrangeiros registraram queda de 6,3%
no mesmo período, segundo
dados da empresa Filme B, especializada nesse mercado.
O resultado demonstra recuperação da performance dos
filmes brasileiros em relação ao
primeiro semestre, que registrou tendência de queda.
Colaborou para isso o fenômeno "Tropa de Elite", de José
Padilha, que foi lançado em outubro e se tornou líder do ano
entre os títulos nacionais, com
2,4 milhões de espectadores.
Enquanto os cineastas pediram aumento da cota de tela, os
exibidores, também ouvidos
pela Ancine, pediram sua redução. Os proprietários das salas
comerciais argumentam que o
aumento do número geral de títulos brasileiros produzidos
não corresponde ao incremento do volume de títulos com
bom desempenho de público.
"O filme nacional tem uma
performance muito inconsistente. Nos últimos anos, o resultado sempre se baseou no
desempenho de dois ou três filmes. A cota de tela está sendo
cumprida à custa de passarmos
filmes em sessões vazias", afirma Marcelo Bertini, presidente
da Cinemark, a maior cadeia de
cinemas do país.
O governo determina um número mínimo de títulos com o
qual a cota de tela deva ser
cumprida -dois filmes para salas individuais e 11 títulos para
complexos acima de 11 salas.
Após debater com o setor, a
Ancine encaminhou ao Ministério da Cultura proposta de
decreto com a cota de 2008.
A agência afirmou, por meio
de sua assessoria de imprensa,
que "somente se pronunciará
sobre o tema após a publicação
do decreto presidencial".
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