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ARTES PLÁSTICAS
Com 25 obras de grandes nomes, "Provocando o Olhar" se estende através do acervo Masp, onde ocorre
Exposição desenrola assuntos e olhares distintos
DA REDAÇÃO
Foi numa obra de Peter Paul
Rubens (1577-1640) que a mostra
"Provocando o Olhar" teve seu
nome inspirado. Como o olhar
fulminante do bispo em "Michel
Ophovius" (1635), a exposição
pretende provocar a maneira como o espectador vê a arte, apostando no didatismo e pegando carona no rico acervo do museu que
a hospeda -o Masp.
Para cumprir a tarefa que se
propõe no título, a mostra, inaugurada hoje, procura justapor as
25 obras, entre pinturas e esculturas, vindas da Fundação Santander, na Espanha, a outras 50, pertencentes ao Masp.
Dentre as obras, trazidas pela
primeira vez ao Brasil especialmente para a exposição, é difícil
não encontrar um grande nome:
El Greco, Picasso, Van Dyck, Tintoretto, Paul de Vos, Valdés Leal e
Miró são alguns dos que compensam com grife a pouca quantidade de peças. Como a mostra tem
apenas uma obra de cada artista
(a exceção é Pérez Villaamil
(1807-1854), com duas), a remissão para as obras do museu também serve como um fortalecimento curatorial, além de a orientação principal já ser dada através
de núcleos temáticos.
E é a partir dos núcleos que a exposição se desenrola -até literalmente, já que o espaço está organizado com curvas "à Niemeyer".
Pinturas religiosas podem estar
levemente interligadas, mas cada
uma, na concepção do curador
Luciano Migliaccio, pode remeter
também a obras e artistas de épocas e estilos distintos.
A pintura de Rubens supracitada, por exemplo, se voltaria ao
"Oficial Sentado", de seu contemporâneo Frans Hals (1581/84-1666), "em que o ritmo das pinceladas dão ao militar uma vitalidade descontraída e livre, que chega
quase à caricatura", segundo Migliaccio. O bispo provocador também é relacionado ao "Retrato de
Leopold Zborowski", de Modigliani (1884-1920).
A "Pregação de São João Batista", de Lucas Cranach, o Velho
(1472-1553) é ligada ao painel "As
Tentações de Santo Antão", de
Bosch, e às "Cinco Moças de Guaratinguetá", de Di Cavalcanti. Como? Cranach e Bosch exprimem
"essa mesma visão religiosa e crítica do mundo: perceba a transformação monstruosa das personagens", enquanto na obra de Di
Cavalcanti também está presente
"a sátira sugerida pelos rostos embrutecidos dos camponeses de
Cranach", indica Migliaccio no
texto-guia produzido para quem
visita a exposição.
Além do texto, a intersecção entre as produções de artistas, épocas e estilos distintos é feita através de vídeos de 40 segundos exibidos em monitores colocados ao
lado das obras de "Provocando o
Olhar". Na saída, o convite é "procurar no acervo do Masp as obras
citadas", segundo Leonel Kaz,
responsável pela concepção da
exposição.
"Quebramos um pouco a concepção curatorial tradicional para
permitir ao visitante criar sua
própria curadoria", explica Kaz.
"São 25 obras estrangeiras que fazem relação com outras 50 e permitem ao visitante descobrir mais
uma infinidade no acervo do
Masp", conclui.
(ALEXANDRA MORAES)
PROVOCANDO O OLHAR. Exposição de
25 obras vindas da Fundação Santander,
na Espanha. Quando: de ter. a dom., das
11h às 18h (entrada até as 17h). Até 21/3.
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, 2º andar,
tel. 0/xx/11/251-5644. Quanto: R$ 10.
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