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CDS
ROCK
Banda finalmente lança um álbum, depois de ter sido incensada pela imprensa
Após um ano na mídia, o Arctic Monkeys chega ao disco
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Se 2005 foi "o ano do Arctic
Monkeys", como cravou o
"Independent", mesmo com a
banda não tendo álbum lançado,
o que será deste 2006, quando, a
partir de segunda, o novíssimo
quarteto de Sheffield (Inglaterra)
coloca nas lojas o primeiro disco?
O Arctic Monkeys foi notícia
por quase todo o ano passado,
graças a shows explosivos turbinados por um público sempre
crescente, que lotava casas pelo
Reino Unido e cantava quase todas as letras do grupo.
Quando publicações como
"New Musical Express" e "Guardian" abrigaram o quarteto em
suas páginas, muita gente desconfiou; era hype da mídia. Não é
bem assim. O Arctic Monkeys foi
descoberto pelo público, não pela
imprensa. Desde 2004 a banda
costumava distribuir CD gravados para o público dos shows. Essas pessoas colocaram as canções
na internet e, quando a coisa cresceu, com gente pedindo músicas
nas rádios, vestindo camisas da
banda, a mídia embarcou.
Em março de 2005, a Radio 1
(rádio estatal britânica que hoje é
modelo para qualquer outra
emissora do planeta, misturando
com sucesso desde girl-bands a
músicas agressivas de grime e
drum'n'bass) começou a tocar
"Fake Tales of San Francisco",
single gravado de forma caseira.
O semanário "New Musical Express" achou o Arctic Monkeys
pouco depois, e a banda lançou
"Fake Tales..." de forma independente em maio; no mês seguinte,
assinaram com o atento selo Domino (casa do Franz Ferdinand).
Em outubro, "I Bet You Look
Good on the Dancefloor", segundo single, chegou ao primeiro lugar da parada britânica, o que deixou a indústria fonográfica perdida. "Será que o Arctic Monkeys
mudou o mundo da música", perguntava o título de reportagem do
"Guardian". O Arctic Monkeys se
transformava então no maior fenômeno indie britânico, parte de
um mercado que abocanha 20%
do total de CDs e DVDs vendidos,
movimentando o equivalente a
R$ 2 bilhões (números de 2004).
Bem, eles certamente mudaram
as percepções de como vender
um artista (como mostra o crescimento de sites como o MySpace),
e segundo as previsões, "Whatever People Say I Am, That's What
I'm Not", o disco, deve chegar ao
domingo seguinte como o álbum
mais vendido no Reino Unido.
Parte do que chama a atenção
no Arctic Monkeys, a narrativa
frenética do cotidiano da molecada britânica, por meio de gírias
espertas, se perde quando levada
a outros lugares -no Brasil, o CD
chega em março, pelo selo Slag.
Mas uma vitalidade fresca misturada com a ampla variedade de
ritmo de suas 13 canções solapam
qualquer barreira lingüística.
Muito tem se falado sobre a música do Arctic Monkeys: parece
Clash, Stranglers, Smiths, Sex Pistols, Kinks, MC5... No fim, é um
pouco de tudo isso.
"The View from the Afternoon", que abre o disco, tem um
baixo grave que vai-e-vem, e um
groove ska briga com levadas garage rock. "Dancing Shoes" às vezes chega ao hardcore; já "Riot
Van" é uma balada meio "bêbada". Em "Still Take You Home",
Alex Turner dispara: "O que você
sabe?/ Você não sabe de nada/
Mas eu ainda te levo para casa".
As canções e suas histórias vão
aparecendo de forma rápida, como em "From the Ritz to the Rubble". "Mardy Bum" é a melhor
canção jamais feita pelos Libertines. E "When the Sun Goes
Down" periga ser o manifesto
adolescente do ano.
Whatever People Say I Am, That's What I'm Not
Artista: Arctic Monkeys
Lançamento: Domino (na Europa) e
Slag (no Brasil; em março)
Quanto: a definir
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