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20ª SÃO PAULO FASHION WEEK
Grife desfilou coleção outono-inverno nos jardins do Museu do Ipiranga ao meio-dia; calor deixou fashionistas impacientes
Cavalera se revoluciona debaixo de sol
PAULO SAMPAIO
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Debaixo de um sol devastador,
nos jardins afrancesados do Museu do Ipiranga, a Cavalera
aprontou no início da tarde uma
revolução na sua estética. A marca, que estava imersa na repetição, mostrou um outono-inverno
bastante rico em formas e materiais. Deixou para trás os tiques
adolescentes e investiu em peças
mais sofisticadas e ousadas.
Na platéia, não foi fácil para os
fashionistas conciliar elegância e
suor sob um sol de 31C. Marcada
para as 12h, a apresentação atrasou e quase levou à insolação as
modelos que enfeitavam o lugar.
Nas cadeiras, os convidados derretiam embaixo de sombrinhas
distribuídas pela produção.
"Se demorarem mais cinco minutos eu vou desmaiar", avisava a
jornalista e consultora de moda
Regina Guerreiro, com seu miniventilador portátil a toda velocidade. "Se a água desse lago fosse
confiável, eu me atirava", ameaçou a consultora de moda da TV
Globo, Regina Martelli. "Acho
que o grito de Independência não
previu dias tão quentes para o
Brasil", disse a empresária Glória
Kalil. Muito brancas, as jornalistas inglesas Rachel Jones e Fiona
Harkin imaginavam: "Amanhã
seremos duas lagostas assadas."
A idéia de transformar o museu
em passarela não é nova, mas ajuda a divulgar um ponto histórico
da cidade. A gerente de loja Alessandra Pires, 24, diz que nunca esteve ali antes. "Até passo muito
por aqui, mas nunca tive oportunidade de entrar." Sua colega de
trabalho Natalia Ferreira visitou o
museu aos sete anos. E o que tem
dentro? "Olha, uns fiapos do cabelo da rainha." Que rainha? "Ah,
não sei..." "Mas gravaram uma
novela aqui, chamava "Éramos
Sete"." "Sete não, louca, seis", corrige Alessandra.
A grife Maria Bonita também
optou por fazer seu desfile fora do
pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera -onde está concentrada
a maioria das apresentações -, e
levou os fashionistas para a sua loja na rua Oscar Freire. A cantora
Marina Lima abriu o desfile com
uma versão intimista da sexy
"Bang Bang ", do filme "Kill Bill".
A cenógrafa Daniela Thomas
fez a direção de arte do desfile, optando por uma composição fria e
futurista, com as modelos portando apliques brancos e negros no
cabelo, como se tivessem saído de
uma ficção científica. A coleção,
muito correta e elaborada, apostou na delicadeza das estampas
(da artista Sandra Cinto) e numa
cartela de cores enxuta, de preto,
cinza e branco.
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