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"Aída" chega a SP com "liberdade criativa"
Montagem brasileira do musical não tem ingerência norte-americana, mas partituras "não sofrem nem podem sofrer alterações'
No ensaio, sai a cantoria sem fim de "Miss Saigon'; vozes embargadas e atuações pontuadas por suspiros
não têm a mesma sorte
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de "A Bela e a Fera",
"O Fantasma da Ópera" e "Miss
Saigon", a Broadway paulistana
importa da matriz Elton John e
Tim Rice, ou melhor, a releitura dos dois para a ópera "Aída"
(1871), de Giuseppe Verdi. Orçada em R$ 5 milhões (dos
quais R$ 3,96 mi poderão ser
captados via Lei Rouanet, segundo os produtores) e com um
elenco fixo (entre atores "quase
famosos" e músicos) de 50 pessoas, a montagem estréia em
14/2 e fica em cartaz até abril.
No ensaio que a Folha acompanhou, na terça passada, no
teatro Cultura Artística, a assessoria de imprensa insistia
no diferencial de "Aída": a tal
"liberdade criativa" -os trabalhos não são supervisionados
por produtores estrangeiros.
O diretor-geral, Augusto
Thomas Vanucci (diretor residente de "Miss Saigon"), não tinha tanta certeza. "A comparação é difícil. A experiência em
"Miss" foi maravilhosa." Mas
concedeu: "Lá [em "Miss'], era a
peça original da Broadway.
Aqui, não: seguimos o libreto, e
o resto é criado por mim."
A dramaturgia de "Aída" se
articula em torno da nova condição da personagem-título,
princesa de Núbia feita escrava
pelo egípcio Radamés. Levada
por ele como presente para sua
noiva, Amneris, acabará formando com o casal um triângulo amoroso fadado à tragédia.
Nas cenas a que a reportagem assistiu, alívio para os ouvidos: sai a cantoria infindável
de "Saigon". Inflexões dramáticas "over", vozes embargadas e
suspiros como expressão máxima de "técnica de interpretação", contudo, continuam lá.
A tal "liberdade criativa"
alardeada pela assessoria abre
espaço para alguma brasilidade? Vanucci arrisca um "sim":
"A musicalidade e as cores do
reino de Núbia, vizinho ao Egito, fazem paralelo com o Brasil". Já faziam na montagem
ianque, a se fiar na afirmação
do diretor musical, Guilherme
Terra, de que "as partituras
[originais] não sofrem nem podem sofrer alterações".
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