São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2008

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"Aída" chega a SP com "liberdade criativa"

Montagem brasileira do musical não tem ingerência norte-americana, mas partituras "não sofrem nem podem sofrer alterações'

No ensaio, sai a cantoria sem fim de "Miss Saigon'; vozes embargadas e atuações pontuadas por suspiros não têm a mesma sorte

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de "A Bela e a Fera", "O Fantasma da Ópera" e "Miss Saigon", a Broadway paulistana importa da matriz Elton John e Tim Rice, ou melhor, a releitura dos dois para a ópera "Aída" (1871), de Giuseppe Verdi. Orçada em R$ 5 milhões (dos quais R$ 3,96 mi poderão ser captados via Lei Rouanet, segundo os produtores) e com um elenco fixo (entre atores "quase famosos" e músicos) de 50 pessoas, a montagem estréia em 14/2 e fica em cartaz até abril.
No ensaio que a Folha acompanhou, na terça passada, no teatro Cultura Artística, a assessoria de imprensa insistia no diferencial de "Aída": a tal "liberdade criativa" -os trabalhos não são supervisionados por produtores estrangeiros.
O diretor-geral, Augusto Thomas Vanucci (diretor residente de "Miss Saigon"), não tinha tanta certeza. "A comparação é difícil. A experiência em "Miss" foi maravilhosa." Mas concedeu: "Lá [em "Miss'], era a peça original da Broadway. Aqui, não: seguimos o libreto, e o resto é criado por mim."
A dramaturgia de "Aída" se articula em torno da nova condição da personagem-título, princesa de Núbia feita escrava pelo egípcio Radamés. Levada por ele como presente para sua noiva, Amneris, acabará formando com o casal um triângulo amoroso fadado à tragédia.
Nas cenas a que a reportagem assistiu, alívio para os ouvidos: sai a cantoria infindável de "Saigon". Inflexões dramáticas "over", vozes embargadas e suspiros como expressão máxima de "técnica de interpretação", contudo, continuam lá.
A tal "liberdade criativa" alardeada pela assessoria abre espaço para alguma brasilidade? Vanucci arrisca um "sim": "A musicalidade e as cores do reino de Núbia, vizinho ao Egito, fazem paralelo com o Brasil". Já faziam na montagem ianque, a se fiar na afirmação do diretor musical, Guilherme Terra, de que "as partituras [originais] não sofrem nem podem sofrer alterações".


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