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ANÁLISE
Hipnótico, Bono conduz show de rock e política
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Hoje à noite, o ingresso
mais suado dos últimos anos apagará todas as
más lembranças para obtê-lo, no momento em que a
megabanda irlandesa U2 der
os acordes iniciais para seu
quarto megashow no Brasil,
o primeiro dos dois únicos
que a banda fará desta vez no
país, ambos pela Vertigo
Tour, ambos no Morumbi,
em São Paulo.
Logo no espetáculo de
abertura, por cerca de meia
hora o excelente quarteto escocês Franz Ferdinand esquentará o público do U2
com suas estilosas canções
de três anos de estrada.
Depois aparecem os donos
da noite, com TRINTA anos
de canções marcantes e com
o show que, quando 2006
acabar, vai ter sido visto por
mais de 4 milhões.
Uma apresentação do U2
tem dois atrativos. Primeiro,
a banda em si. Depois, o superstar Bono, uma das três
pessoas mais importantes
do planeta, segundo a "Time". E uma apresentação do
U2 tem dois Bonos. O rockstar e o "político-star".
Bono deve se materializar
como se fosse mágica, na
ponta do palco-plataforma,
e em meio ao jogo de luzes e
confetes. Bono é hipnótico.
Vai ter hora do discurso
contra as injustiças, contra a
fome. Vai cantar "One" para
os sofridos da África. Pode
usar a mesma música para
incitar mensagens de celular
do público e montar um
abaixo-assinado gigante e
instantâneo a ser enviado a
uma ONG. Bono é futuro.
O U2 costuma entrar ao
som de "Wake Up", ode ao
Arcade Fire. A música que
abre o show dificilmente escapa dessas três: "City of
Blinding Lights", "Vertigo"
ou "Love and Peace or Else".
Mas pode vir uma "homenagem brasileira".
O U2 joga o jogo: as versões das músicas dos anos 80
são igualzinhas ao jeito tocado nos anos 80. Não há uma
"roupagem nova" para
"Sunday Bloody Sunday",
por exemplo. O U2 é carregado pelas boas canções. E,
ainda você pode estar vendo
em ação um futuro Prêmio
Nobel da Paz. U2 é evento. E
Bono é um big brother.
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