São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

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STONES NO RIO

Vocalista poderia gravar entrevista no Rio; Folha presencia fotógrafo ser expulso de hotel de forma agressiva

Jagger fica, e banda segue para Argentina

DOS ENVIADOS AO RIO

DA SUCURSAL DO RIO

Depois de não dar o ar de sua graça durante os dias que antecederam o show dos Rolling Stones no Rio, o vocalista Mick Jagger despistou fãs e jornalistas e desapareceu ontem de vez.
A Polícia Federal confirmou que ele não embarcou no avião que levou os demais integrantes da banda para Buenos Aires, onde fazem show amanhã. O hotel Copacabana Palace também afirmou, na tarde de ontem, que o músico continuava registrado como hóspede.
Até o fechamento dessa edição, não havia informações sobre onde ele estaria e qual a sua agenda.
Segundo informações de pessoas ligadas ao programa "Superpop", de Luciana Gimenez, Jagger teria ficado no Rio para gravar uma entrevista com a apresentadora, mãe de seu filho Lucas. Também havia a possibilidade de o músico comparecer ao ensaio da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, da qual Gimenez é rainha da bateria.

Isolamento e agressão
O aparato de segurança dos Stones e o esquema de isolamento de Mick Jagger impressionavam.
Na madrugada de ontem, depois do show, o guitarrista Ron Wood e Jagger apareceram na festa organizada pela produção no Salão Nobre do Copa. Jagger ficou em uma área reservada, protegida por seguranças e na qual poucas pessoas podiam entrar. Segundo relatos de convidados, alguns homens estariam armados.
Quando alguém tentava tirar uma foto de Jagger, um dos homens apontava uma lanterna para a máquina, inviabilizando a imagem. O fotógrafo Fernando Mendonça Lima foi agredido por seguranças brasileiros por ter feito, na festa, uma foto de Jagger próximo da apresentadora Luciana Gimenez, mãe de Lucas, o filho brasileiro do cantor.
Free-lancer contratado pela Planmusic, empresa responsável pelo show, Mendonça Lima disse que estava acompanhando as tentativas de Gimenez de se aproximar de Jagger. Quando ela conseguiu, ele apertou o botão.
"Foi uma foto só. Eles [os seguranças] me arrastaram e arrancaram o cartão [digital]. O problema é que ali também tinha mais de 200 fotos que eu fiz do show", disse ele.
A Folha acompanhou a retirada do fotógrafo do hotel por cinco seguranças, por volta de 1h30 da manhã. Um segurança dos Stones chegou em seguida e gritou em inglês para Mendonça Lima lhe dar o cartão.
O fotógrafo acabou sendo arrastado com truculência para uma porta lateral do hotel, onde o segurança da banda tirou o cartão da máquina antes de devolvê-la. A violência dos seguranças provocou protestos de pessoas que estavam na rua. Os promotores do show não quiseram comentar.

Acenos
Durante a manhã, Ron Wood acenou quatro vezes na sacada da cobertura do hotel, enquanto Mick Jagger fez uma rápida aparição na janela. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, um dos convidados da produção do evento para a festa na madrugada, deixou o hotel por volta das 11h de ontem.
Programado para a noite de ontem, o vôo dos Stones foi antecipado para a tarde, e a movimentação de saída da banda tumultuou o trânsito de Copacabana. A polícia ocupou o trecho da av. Nossa Senhora de Copacabana e fechou a avenida por 20 minutos.
Cercado por fãs e pela imprensa, músicos da banda deixaram o hotel pela saída dos fundos às 15h30. O baterista Charlie Watts foi o primeiro a entrar no ônibus, seguido dos guitarristas Ron Wood e Keith Richards. Mick Jagger não apareceu.
Escoltado por motos e carros da polícia e sem o vocalista, o ônibus deixou o Copacabana Palace às 15h25, seguindo para o aeroporto internacional do Galeão, onde chegou às 16h05, entrando direto na pista por um portão lateral. O ônibus encostou próximo do avião e os integrantes da banda embarcaram. Às 16h42, levantou vôo rumo à Argentina.


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