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MODA
Desfiles de Priscilla Darolt, Julia Aguiar e Amapô são destaques de inverno
Hot Spot tem mix de humor e técnica
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Amni Hot Spot, evento dedicado às coleções de jovens estilistas, terminou na última sexta-feira depois de três dias de apresentações muito irregulares entre si.
O que se viu na passarela foi um
mix de desfiles de grande apuro
técnico com passagens bem-humoradas e momentos de tédio.
Abrindo muito bem o segundo
dia do evento, Priscilla Darolt fez
uma das melhores coleções deste
inverno do Hot Spot. As mulheres
da estilista são poderosas, usam
vestidos e macacões curtos, com
volume nos ombros e engenhosas
amarrações, feitos em chamois,
malha, sarja e seda. O conjuntinho off-white em alfaiataria e o
vestido com botões e estampa de
lenço foram os melhores looks de
uma coleção sexy e impecável.
Outro destaque no quesito técnica foi Julia Aguiar que, apesar
do pouquíssimo tempo de estrada, mostrou uma modelagem
cheia de sutilezas, com looks que
transitaram entre o minimalismo
e um certo ar folk-rocker. Destaque para os tricôs usados com leggings e para o trabalho preciso e
delicado com a malharia.
No reino do bom humor, quem
deu as cartas foi a Amapô e suas
divertidíssimas pirações oitentistas. A estamparia descontrolada e
os moletons continuam sendo o
trunfo da marca, que agora aposta
também em looks mais curtos e
sensuais para as meninas.
Diversão também não faltou ao
desfile da Amonstro, de Lívia Torres e Helena Pimenta. O streetwear da dupla veio com jeitão
hip-hop desencanado, com muitos volumes em uma profusão de
lycra, lamê e moletons estampados. O collant e os blusões com arco-íris são imperdíveis. O desfile
da Fuxique, de Aninha Strumpf
(que tem parceria com Pitty e Carô, da Amapô), também teve um
pé no rap e nos anos 80.
Vestidos com estampinhas gráficas, resgatadas dos móveis oitentistas, calças justinhas em veludo cotelê, muito roxo, laranja e
rosa deram o tom da apresentação. As bolsas com alça de corrente e os sacos, tipo Chanel, são para
colecionar.
O inverno do Hot Spot mostrou
também algumas viradas de estilo, como nos desfiles de Emilene
Galende e Eduardo Inagaki. A estilista deixou o romantismo de lado, investiu numa mulher mais
ousada e deu uma nova abordagem ao seu tricô, trabalhando
transparências.
Já Inagaki inaugurou uma fase
mais clean, mais chique, mais rocker. E se deu muito bem. Os
trench coats e casacos brancos,
para homens e mulheres, foram
certeiros.
No último dia, vale mencionar a
apresentação do talentoso Igor de
Barros, com suas jaquetas curtas
coordenadas com camisas e ótimos casacos. Entre esses últimos,
destaque para o modelo com atacador e inspiração militar.
Tirando os momentos de repetição, como o desfile de Cecília
Echenique, e de improdutiva correção comercial, a grande frustração ficou por conta da ausência de
Raquel Uendi na passarela. Sem
dinheiro, a estilista, uma das mais
promissoras do evento, montou
uma instalação com algumas peças, que mal podiam ser vistas.
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