São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

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MODA

Desfiles de Priscilla Darolt, Julia Aguiar e Amapô são destaques de inverno

Hot Spot tem mix de humor e técnica

VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O Amni Hot Spot, evento dedicado às coleções de jovens estilistas, terminou na última sexta-feira depois de três dias de apresentações muito irregulares entre si. O que se viu na passarela foi um mix de desfiles de grande apuro técnico com passagens bem-humoradas e momentos de tédio.
Abrindo muito bem o segundo dia do evento, Priscilla Darolt fez uma das melhores coleções deste inverno do Hot Spot. As mulheres da estilista são poderosas, usam vestidos e macacões curtos, com volume nos ombros e engenhosas amarrações, feitos em chamois, malha, sarja e seda. O conjuntinho off-white em alfaiataria e o vestido com botões e estampa de lenço foram os melhores looks de uma coleção sexy e impecável.
Outro destaque no quesito técnica foi Julia Aguiar que, apesar do pouquíssimo tempo de estrada, mostrou uma modelagem cheia de sutilezas, com looks que transitaram entre o minimalismo e um certo ar folk-rocker. Destaque para os tricôs usados com leggings e para o trabalho preciso e delicado com a malharia.
No reino do bom humor, quem deu as cartas foi a Amapô e suas divertidíssimas pirações oitentistas. A estamparia descontrolada e os moletons continuam sendo o trunfo da marca, que agora aposta também em looks mais curtos e sensuais para as meninas.
Diversão também não faltou ao desfile da Amonstro, de Lívia Torres e Helena Pimenta. O streetwear da dupla veio com jeitão hip-hop desencanado, com muitos volumes em uma profusão de lycra, lamê e moletons estampados. O collant e os blusões com arco-íris são imperdíveis. O desfile da Fuxique, de Aninha Strumpf (que tem parceria com Pitty e Carô, da Amapô), também teve um pé no rap e nos anos 80.
Vestidos com estampinhas gráficas, resgatadas dos móveis oitentistas, calças justinhas em veludo cotelê, muito roxo, laranja e rosa deram o tom da apresentação. As bolsas com alça de corrente e os sacos, tipo Chanel, são para colecionar.
O inverno do Hot Spot mostrou também algumas viradas de estilo, como nos desfiles de Emilene Galende e Eduardo Inagaki. A estilista deixou o romantismo de lado, investiu numa mulher mais ousada e deu uma nova abordagem ao seu tricô, trabalhando transparências.
Já Inagaki inaugurou uma fase mais clean, mais chique, mais rocker. E se deu muito bem. Os trench coats e casacos brancos, para homens e mulheres, foram certeiros.
No último dia, vale mencionar a apresentação do talentoso Igor de Barros, com suas jaquetas curtas coordenadas com camisas e ótimos casacos. Entre esses últimos, destaque para o modelo com atacador e inspiração militar.
Tirando os momentos de repetição, como o desfile de Cecília Echenique, e de improdutiva correção comercial, a grande frustração ficou por conta da ausência de Raquel Uendi na passarela. Sem dinheiro, a estilista, uma das mais promissoras do evento, montou uma instalação com algumas peças, que mal podiam ser vistas.


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