São Paulo, sábado, 20 de fevereiro de 2010

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TELEVISÃO

Crítica

Singer ferra Tom Cruise e estraga a fantasia

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Um jornal francês publicou uma bela charge sobre um diretor de cinema que, no set, começava a rodar um filme sobre a batalha de Waterloo. A um jornalista, ele dizia: "Desta vez vai ser um sucesso. No fim, Napoleão ganha".
Digamos que a piada não é tão diferente assim do que fez Quentin Tarantino em "Bastardos Inglórios".
Já Bryan Singer enfrentou o fato histórico estoicamente em "Operação Valquíria" (TC Premium, 22h; 14 anos). Ele trata da tentativa de um grupo de oficiais alemães de darem um fim em Hitler.
Não se costuma contestar a veracidade do fato. Nem o de que a planejada bomba contra o chanceler deu chabu. Singer toma mesmo o cuidado de caracterizar os rebeldes como bons alemães, que representariam o país mesmo que o plano não desse certo. E de ter um astro como Tom Cruise no papel principal, representando também certa aristocracia do Exército germânico.
Mas algo pesa contra o filme e o atravessa -e de certo modo o apunhala cruelmente: nada consolará o espectador pelo plano não ter dado certo. Não importa saber que no fim Hitler foi vencido. Aqui, quem se ferra é Tom Cruise, eis o que não perdoamos ao filme. Não importa a realidade, na sala escura e no registro hollywoodiano, a fantasia é a lei.
Eis a sabedoria de Tarantino demonstrada.


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