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TELEVISÃO
Crítica
Singer ferra Tom Cruise e estraga a fantasia
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Um jornal francês publicou
uma bela charge sobre um diretor de cinema que, no set, começava a rodar um filme sobre
a batalha de Waterloo. A um
jornalista, ele dizia: "Desta vez
vai ser um sucesso. No fim, Napoleão ganha".
Digamos que a piada não é
tão diferente assim do que fez
Quentin Tarantino em "Bastardos Inglórios".
Já Bryan Singer enfrentou o
fato histórico estoicamente em
"Operação Valquíria" (TC
Premium, 22h; 14 anos). Ele
trata da tentativa de um grupo
de oficiais alemães de darem
um fim em Hitler.
Não se costuma contestar a
veracidade do fato. Nem o de
que a planejada bomba contra
o chanceler deu chabu. Singer
toma mesmo o cuidado de caracterizar os rebeldes como
bons alemães, que representariam o país mesmo que o plano
não desse certo. E de ter um astro como Tom Cruise no papel
principal, representando também certa aristocracia do Exército germânico.
Mas algo pesa contra o filme
e o atravessa -e de certo modo
o apunhala cruelmente: nada
consolará o espectador pelo
plano não ter dado certo. Não
importa saber que no fim Hitler foi vencido. Aqui, quem se
ferra é Tom Cruise, eis o que
não perdoamos ao filme. Não
importa a realidade, na sala escura e no registro hollywoodiano, a fantasia é a lei.
Eis a sabedoria de Tarantino
demonstrada.
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