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60º FESTIVAL DE BERLIM
Diretor de evento diz que Brasil não ofereceu opções
Em entrevista, Dieter Kosslick afirma que, como em anos anteriores, buscou produções no país, mas não encontrou
Alemão defende que produções em 3D, ausentes do festival, não são o perfil do público da Berlinale; prêmios saem hoje
CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM
A modesta participação brasileira no 60º Festival Internacional de Cinema de Berlim,
sem nenhum filme concorrendo ao Urso de Ouro -a ser
anunciado hoje-, foi pura falta
de opção, segundo o diretor do
evento, Dieter Kosslick, 61.
Em entrevista à Folha, ontem, o responsável desde 2001
pela seleção da Berlinale afirmou ter todos os meios para
encontrar os bons filmes brasileiros para o festival, "mas apenas não funcionou neste ano
para a nossa competição".
Ele aponta para um papel
com os cinco longas e o curta
brasileiros que foram exibidos
em seções menores: "Isso foi
tudo o que encontramos".
Seria uma indicação de que a
produção nacional está enfraquecida? "Não é nada", contesta. "Também não temos nenhum filme francês na competição. Há momentos, há anos
em que não há nada. Temos
muito boa relação com os brasileiros e nossos representantes lá, procurando filmes. Então, possuímos bons contatos,
tudo de que precisamos, mas
apenas não funcionou", afirma
o diretor. "Nada especial. Nada
a dizer sobre isso."
O país recebeu o prêmio máximo da Berlinale duas vezes
-com "Central do Brasil"
(1998) e "Tropa de Elite"
(2008). Na última, criou polêmica por dar o Urso a "um filme tão violento", nas palavras
de Kosslick. "Adoraríamos ter
outro [concorrente brasileiro
ao] Urso, porque fomos muito
criticados aqui, quer dizer, o júri foi muito criticado [por dar o
troféu a "Tropa de Elite"]."
A seleção competitiva deste
ano ele divide em dois tópicos.
"O Islã, muçulmanos e discussões sobre diferentes religiões;
e muitos filmes sobre famílias.
[...] Se você disser que isso é político, vou concordar, se você
disser que é muito pessoal,
também concordarei. Depende
da forma como você olha."
Um terceiro aspecto marcou
a escolha dos filmes desta Berlinale -não há nenhuma produção em 3D. O festival ainda
não se abriu à tecnologia -diferente de Cannes, que no ano
passado teve a exibição de "Up
- Altas Aventuras". Apesar de
afirmar que poderia ter aberto
o festival com "Avatar", Kosslick não parece querer mudar
esse aspecto da Berlinale.
"Por que eu deveria mostrar
a pessoas que tem educação cinematográfica e que trabalham
com isso um filme em 3D? É
definitivamente a plateia errada para isso. Sou favorável ao
3D, tudo bem para mim, é ótimo, é um marketing fantástico,
mas eu amo o meu filme de
abertura, com uma família
["Apart Together"]. É muito
mais 3D para mim do que todo
o resto. E eu não tenho que
usar os óculos para ver a terceira dimensão desse filme."
Quanto aos prêmios a serem
anunciados hoje pelo júri presidido pelo cineasta Werner
Herzog, Kosslick aponta para
os estreantes, apesar de negar
saber a opinião dos jurados.
"[O festival] Trouxe tantos
novos diretores, com elencos
fantásticos -são filmes totalmente novos, pessoas novas,
novas energias. O romeno ["If I
Want to Whistle, I Whistle'] é
de um diretor estreante." Ao
perceber a dica do favorito, o
diretor da Berlinale desvia.
"Não tenho ideia, não falei com
Herzog, só vi o júri no início do
festival e os verei amanhã. Mas
saberei essa noite."
A repórter CRISTINA FIBE está hospedada a convite do festival
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