São Paulo, sexta, 20 de fevereiro de 1998

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Governo não convida escritor

da Sucursal do Rio

Paulo Coelho já foi hippie, compositor (fez parcerias com Raul Seixas e Rita Lee), jornalista e até executivo de grandes gravadoras. Houve época em que costumava dizer que era mago. Hoje, ele não tem dúvidas sobre sua profissão.
"Eu sou escritor, o que me dá gozo e dor é escrever. Apenas uso minha profissão para discutir a espiritualidade. Mago é uma postura de vida", disse Coelho sentado confortavelmente na sala de seu apartamento, na avenida Atlântica, em Copacabana (zona sul do Rio)- um ambiente bastante diferente do que possa se imaginar ser a casa de um mago.
Poucos móveis, nada de incensos, imagens ou velas. A espada que recebeu de seu mestre quando percorreu o caminho de Santiago guardada num canto da sala junto com alguns guarda-chuvas. A parede da sala está inacabada, para mostrar que "sempre existe alguma coisa para ser concluída".
"Há muito tempo, aprendi com o meu mestre que a simplicidade é o segredo das grandes buscas e das grandes descobertas", disse Coelho, mostrando uma segurança que o faz parecer muito distante do mago que em 1987 resolveu publicar sua experiências místicas em "O Diário de um Mago", por uma editora pouco conhecida. "Nunca imaginei que poderia fazer sucesso. Aconteceu, não tem muita explicação."
"As pessoas estão mais voltadas para o misticismo e para a espiritualidade, não, como muitos dizem, porque estamos quase no fim do milênio, mas porque estão dispostas a vencer o preconceito da dita repressão intelectual", disse.
Paulo Coelho não foi convidado pelo governo brasileiro para participar do 18º Salão do Livro de Paris, entre os dias 20 e 25 de março, que este ano tem o Brasil como convidado de honra. "Para mim também foi uma surpresa. Não posso dizer o que aconteceu, parece que eles simplesmente ignoraram que hoje sou o escritor que mais vende livros no país. Vou como convidado da minha editora francesa, a Anne Carriere."
Durante o evento, Coelho realizará duas tardes de autógrafos, nos dias 20 e 21. No dia 22, ele participa de um debate com Jorge Amado, mediado pelo jornalista Christian Sauvage, do "Journal du Dimanche".
A editora Anne Carriere também oferecerá um jantar para 500 pessoas, na Pirâmide do Louvre, para o lançamento do romance "O Monte Cinco" em Paris.



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