|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo não convida escritor
da Sucursal do Rio
Paulo Coelho já foi hippie, compositor (fez parcerias com Raul
Seixas e Rita Lee), jornalista e até
executivo de grandes gravadoras.
Houve época em que costumava
dizer que era mago. Hoje, ele não
tem dúvidas sobre sua profissão.
"Eu sou escritor, o que me dá gozo e dor é escrever. Apenas uso
minha profissão para discutir a espiritualidade. Mago é uma postura
de vida", disse Coelho sentado
confortavelmente na sala de seu
apartamento, na avenida Atlântica, em Copacabana (zona sul do
Rio)- um ambiente bastante diferente do que possa se imaginar
ser a casa de um mago.
Poucos móveis, nada de incensos, imagens ou velas. A espada
que recebeu de seu mestre quando
percorreu o caminho de Santiago
guardada num canto da sala junto
com alguns guarda-chuvas. A parede da sala está inacabada, para
mostrar que "sempre existe alguma coisa para ser concluída".
"Há muito tempo, aprendi com
o meu mestre que a simplicidade é
o segredo das grandes buscas e das
grandes descobertas", disse Coelho, mostrando uma segurança
que o faz parecer muito distante
do mago que em 1987 resolveu publicar sua experiências místicas
em "O Diário de um Mago", por
uma editora pouco conhecida.
"Nunca imaginei que poderia fazer sucesso. Aconteceu, não tem
muita explicação."
"As pessoas estão mais voltadas
para o misticismo e para a espiritualidade, não, como muitos dizem, porque estamos quase no fim
do milênio, mas porque estão dispostas a vencer o preconceito da
dita repressão intelectual", disse.
Paulo Coelho não foi convidado
pelo governo brasileiro para participar do 18º Salão do Livro de Paris, entre os dias 20 e 25 de março,
que este ano tem o Brasil como
convidado de honra. "Para mim
também foi uma surpresa. Não
posso dizer o que aconteceu, parece que eles simplesmente ignoraram que hoje sou o escritor que
mais vende livros no país. Vou como convidado da minha editora
francesa, a Anne Carriere."
Durante o evento, Coelho realizará duas tardes de autógrafos,
nos dias 20 e 21. No dia 22, ele participa de um debate com Jorge
Amado, mediado pelo jornalista
Christian Sauvage, do "Journal
du Dimanche".
A editora Anne Carriere também
oferecerá um jantar para 500 pessoas, na Pirâmide do Louvre, para
o lançamento do romance "O
Monte Cinco" em Paris.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|