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Tudo que é bom sai do ar
SÉRGIO DÁVILA
Editor da Ilustrada
De cara, é preciso esclarecer:
"Seinfeld" é o melhor seriado de
todos os tempos. Nunca houve e
jamais haverá outro igual.
O maltratado telespectador brasileiro, acostumado a uma dieta de
corpos dourados e outras bobagens novelísticas, deve se sentir
como um etíope no Fasano ao assistir pela primeira vez à série.
Mas tudo que é bom sai do ar
(variante kunderiana de "a vida é
uma droga e amanhã você está
morto"). No último Natal, Jerry
Seinfeld, autor e ator principal,
anunciou: exibe em maio o último
episódio da série que leva seu nome, e acabou.
Não adiantou a NBC, uma das
três maiores redes de TV aberta
dos EUA, dona do programa, oferecer US$ 5 milhões por episódio
para o comediante (num semestre, são exibidos 26; Seinfeld recebe atualmente US$ 1 milhão a cada
um; faça as contas).
Seinfeld dá, assim, duas lições:
dinheiro não é tudo (ou, como
desconfiávamos, não há diferença
entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões); e é preciso saber quando
parar (alô, torcida do Flamengo).
Depois de nove anos no ar, ele
sai por cima. Tão por cima que,
raras vezes unânimes, a revista
"Time" e o jornal "The New York
Times" perguntaram: a América
saberá viver sem "Seinfeld"?
Sem a série cujo "plot" é a desinteressante vida de quatro amigos
nova-iorquinos e que, a custa de
um roteiro tão bom que já virou
tese, consegue fazer disso assunto
para quase 200 episódios?
Meu palpite: não, a América não
saberá. Pelo menos, não nós, aqui
no quintal.
Seinfeld: Sony, terça, às 21h
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