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São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003

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"Não fazemos dinheiro com a guerra", diz CNN

Associated Press
CNN exibe discurso de Bush, dando ultimato ao Iraque


DA REPORTAGEM LOCAL

Com um orçamento em torno de US$ 35 milhões destinado só para a cobertura da guerra, a CNN ainda deverá ser a voz norte-americana de mais impacto no mundo, apesar da forte concorrência que sofre nos Estados Unidos.
A rede, que tenciona transmitir o conflito para mais de 200 países, em 250 milhões de domicílios, tem a expectativa de, assim, consolidar-se internacionalmente. Mas, a exemplo de todas as grandes TVs, teme a fuga em massa de anunciantes. "Diferentemente do que muitos pensam, não fazemos dinheiro com a guerra", disse Chris Cramer, presidente da CNN Internacional. Leia entrevista que concedeu à Folha, por telefone, de Atlanta. (LM)
 

Folha - Como a CNN se preparou para a guerra contra o Iraque?
Chris Cramer -
Temos cerca de 500 profissionais em treinamentos especiais para trabalhar na guerra. Não vou dar números e estratégias exatas, algo que meus concorrentes adorariam saber.

Folha - Que tipo de treinamento? Cramer - A CNN prevê que esse será o confronto mais perigoso que os jornalistas deverão cobrir em toda a história da TV. Então, ninguém irá à guerra sem treinamento. Todos aprendem primeiros socorros, a auxiliar feridos, evitar sequestros e lições sobre armamentos, não para uso, mas para reconhecimento. Eu fiz o curso. São aulas realistas, que assustam.

Folha - Na Guerra do Golfo, a CNN se firmou. Grandes eventos trazem telespectadores. Para o sr., quais podem ser os impactos financeiros e de audiência?
Cramer -
As redes não fazem dinheiro com essa cobertura. A idéia de que a guerra pode ser boa para os negócios é até ofensiva. Esperamos, claro, que mais pessoas assistam à CNN e continuem conosco após a guerra. Mas a função de noticiar uma crise mundial não é negócio, é serviço público.

Folha - O 11 de Setembro marcou o crescimento da Fox News e o início da competição acirrada com a CNN nos EUA. Como avalia que será o impacto da guerra nessa disputa?
Cramer -
A Fox News é um concorrente nacional, não internacional. Estão fazendo um bom trabalho nos EUA, mas, quanto ao mercado internacional, há outros concorrentes que me deixam acordado, e a Fox não é um deles.

Folha - Os ataques terroristas também marcaram o crescimento de uma visão conservadora na TV dos EUA, que se mantém agora.
Cramer -
A CNN se baseia numa cobertura imparcial. Não tenho tempo para direitas ou esquerdas. O telespectador quer um noticiários imparcial e compreensível e visões de ambos os lados.


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