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ILUSTRADA
Filme dirigido por Mel Gibson sobre as últimas horas da vida de Jesus estreou ontem nos cinemas brasileiros
'A Paixão de Cristo' ganha lágrimas e críticas
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
O filme "A Paixão de Cristo",
em que o diretor Mel Gibson retrata as últimas horas da vida de
Jesus Cristo, estreou ontem nos
cinemas brasileiros, causando comoção principalmente entre grupos cristãos.
Em São Paulo, às 11h de ontem,
cerca de 90 pessoas assistiram à
primeira sessão do shopping Metrô Santa Cruz.
Na opinião do casal de aposentados Eugênio Nascimento, 75, e
Luzia da Silva Nascimento, 73, "A
Paixão de Cristo" é uma interpretação "muito bonita" do que é
descrito na Bíblia. Para Eugênio,
os romanos foram os culpados
pela morte de Jesus Cristo.
O estudante budista Rodrigo
Chen, 18, disse que a violência
apresentada havia superado suas
expectativas. Em sua opinião, os
judeus foram os responsáveis pela
morte de Jesus.
Fernando Nogueira de Araújo,
60, militar reformado, estava
emocionado ao sair da sessão:
"Ainda estou tentando me recuperar". Disse que a culpa pela
morte de Cristo pode ser atribuída à "turba ensandecida" e comparou os soldados romanos aos
fiscais de Marta Suplicy que vigiam os camelôs do centro de SP.
No cinema do shopping Pátio
Higienópolis, havia cerca de 60
pessoas na sessão das 12h30.
Voluntária de um grupo de carmelitas, Camila Chaves, 22, chorou na saída do cinema. "Mostra
o sofrimento de Cristo como foi
realmente. Os maiores culpados
foram os romanos", disse.
Para administrador judeu Nessin Misrahi, 56, o filme "não leva a
nada, é violento e só mostra o lado
negativo da história. Até para o lado católico é ruim. Não se deve
mexer no passado dessa forma".
No Cine São Luiz, em Fortaleza,
uma fila dava voltas na praça do
Ferreira, na tarde de ontem, apesar da venda antecipada de ingressos para o filme de Gibson.
"Foi o melhor filme a que já assisti. Mas nunca mais quero ver,
porque Jesus sofreu muito, é muito chocante", disse Josué Batista,
23, católico praticante.
"Quando pegam o chicote e arrancam um pedaço de Cristo é de
despedaçar qualquer um", disse
Weber da Conceição, 27, protestante da igreja congregacional.
Em Manaus, católicos e evangélicos praticantes assistiram ontem
à sessão de estréia do filme.
"O diretor não condena nenhuma religião, já que mostra um Jesus misericordioso", disse Vera
Lúcia Lexas, 53, evangélica.
"O filme é um relato fiel ao que
aconteceu nas últimas 12 horas da
vida de Jesus e não é anti-semita",
disse Greice Mariano, 42, católica.
Apresentado às 13h [14h em
Brasília] na rede Severiano Ribeiro, o filme levou 78 espectadores a
uma sala de 300 lugares.
Gritos de aleluia, palmas para a
cena da ressurreição de Cristo e
muito choro nas cenas do martírio marcaram a sessão.
O grupo Severiano Ribeiro também promoveu, na noite de quinta-feira, no Rio, sessão beneficente de "A Paixão de Cristo", com
ingressos a R$ 100. O dinheiro foi
revertido para a construção do
Seminário Maria Mater Ecclesiai.
Entre os presentes ao evento estavam a socialite Carmem Mayrink Veiga, a deputada federal Denise Frossard (PSDB-RJ), além
dos padres José Maria e Jorjão.
"Temos uma tendência a banalizar o que Cristo passou. Mel
Gibson foi fiel àquele sofrimento,
e isso não é contra os judeus", disse a evangélica Ana Cássia Araújo
dos Santos, 29.
O público que deixou o Cinemark ontem à tarde em Porto
Alegre se mostrou dividido.
A estudante católica não-praticante Daiane Mallmann, 28, disse
ter gostado dos "efeitos visuais" e
criticou o "excesso de brutalidade" e "os estereótipos" no filme.
O comerciário Gerson Pacheco,
23, que se diz agnóstico, afirmou
ter gostado da história, mas que
"não precisava tanta violência".
Também comerciário, o católico
praticante Giancarlo Gutti, 40,
achou que "a história de Cristo é
muito bem contada no filme" e
que "as interpretações são boas".
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