São Paulo, domingo, 20 de março de 2005 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÔNICA BERGAMO Os tesouros do castelo
Uma parte do acervo da família Smith de Vasconcelos -que tem entre seus integrantes a ex-prefeita Marta Suplicy- vai mudar de mãos. Alexandre Rodolfo Smith de Vasconcelos, o tio mais velho de Marta, decidiu leiloar 480 lotes de sua coleção particular -telas, pratas, bronzes, móveis e raridades arqueológicas como uma peça em cerâmica chinesa da época de Cristo. Não, a família não atravessa dificuldades. Acontece que Alexandre está com 95 anos e percebeu que ele e a mulher, Regina, 85, eram "pequenos demais" para continuar vivendo na casa de 5.000 m2 que ocupam no Morumbi. A residência, onde vivem há 18 anos -eles são casados há 66 -tem três pavimentos, piscina e varanda com vista da cidade. Boa parte das peças foi comprada pelo casal em viagens pelo mundo. Outra veio do acervo do pai dele, o barão Jaime Smith de Vasconcelos, que era dono de um castelo no Rio onde Marta Suplicy passava férias (leia abaixo). O leilão vai de amanhã a quarta. A peça mais cara é a tela "A Batalha", com lance mínimo de R$ 100 mil. Adeus aos santos O casal Smith de Vasconcelos não estará presente ao leilão -seria dolorido para eles se despedir de peças como a Santa Cecília, que terá lance mínimo de R$ 1.200 e fez parte, por muitos anos, da coleção de santos da família. O acervo de arte sacra dos Vasconcelos é significativo. Além dos santos, há sacrários, frontão e oratório. Em sua maioria, as peças foram confeccionadas na Bahia e em Minas Gerais. O sacrário, utilizado para guardar objetos sagrados, é do século 18. O oratório, feito em jacarandá, estava guardado em um depósito antes do leilão porque os donos consideravam a peça "mórbida". Tem lance mínimo de R$ 3.000. O CASTELO Casa de sonho
O Castelo Barão de Itaipava
(RJ) pertencia ao barão Jaime
Smith de Vasconcelos, avô de
Marta Suplicy e pai de Alexandre Rodolfo -que comprou de
lá a maior parte do acervo que
leva a leilão. O castelo, onde
Marta passava férias quando era
criança, tem quatro andares, 42
cômodos e foi vendido em 2004
a um grupo hoteleiro dos EUA
por US$ 1,5 milhão (R$ 4,1 milhões). Construído em 1920, reproduz a arquitetura renascentista. A construção tem blocos
de pedras portuguesas, telhado
de ardósia francesa, piso de
mármore italiano e vitrais austríacos.
Das maiores obras do acervo, "Guerreiro Sustentando Incensário" é uma das poucas japonesas. A escultura (R$ 25 mil) data de fins do século 19 e é considerada peça "raríssima" em leilões brasileiros. A MAIS CARA Artesão dos príncipes
A peça mais cara que vai a leilão é uma tela atribuída ao holandês Esaias van de Velde (1590-1630) e vem do acervo do
castelo de Itaipava, do avô de Marta Suplicy. "A Batalha", que
mede um metro por 67 cm, terá lance mínimo de R$ 100 mil. A
peça não leva a assinatura do autor. "Era comum artistas do
século 17 não assinarem suas obras, já que eram considerados
artesãos que pintavam sob encomenda de príncipes ou mecenas", explica o leiloeiro Reginaldo Carvalho. Uma outra tela representativa tem autoria de João Batista da Costa e será leiloada por R$ 50 mil. Um só exemplar Seção raridades: das que vão a leilão, chama a atenção uma caixa com tampa, em cerâmica chinesa, da época em que Cristo viveu (acima). O lance mínimo é quase simbólico: R$ 300. Também da China, precisamente do período Hanli da dinastia Ming (século 16) há um vaso multicolorido por R$ 1.000. Dos três pares de tocheiros em madeira concebidos pelo Mestre Valentim no século 18, que decoravam a demolida Igreja de São Pedro dos Clérigos (RJ), um deles faz parte da coleção dos Smith. O par será vendido por mínimos R$ 20 mil. Texto Anterior: Artistas valem quanto vendem Próximo Texto: Televisão: Jornalista traça percurso de Vieira de Mello Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |