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Cinema
Walsh filma aspiração à grandeza
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O que acontece a um herói de
guerra depois da guerra? De
forma moderna (e angustiada),
Clint Eastwood tratou do tema
em "A Conquista da Honra".
Raoul Walsh, cineasta clássico, não tinha tanta necessidade
de se angustiar. Os heróis da
Primeira Guerra propostos em
"Heróis Esquecidos" (Turner Classic Movies, 23h40) não
hesitam em buscar novos destinos. Um deles se torna advogado. Os outros dois (James
Cagney e Humphrey Bogart)
são gângsteres.
No cinema da velha Warner,
não havia muito segredo: voltou da guerra, não tem dinheiro, entra para o ramo das bebidas clandestinas. Se você é um durão, tipo Cagney, sobe na vida com relativa rapidez.
Walsh provê o filme do senso
de urgência que marcava o destino de seus personagens. Nada
pode ser adiado. A terra queima sob os pés dos heróis (ou
anti-heróis). Eis o que faz de
Walsh um cineasta raro: sempre trata a trajetória dos personagens em função do destino
trágico que lhes é reservado.
Não há o que esconder: todos
sabemos que as coisas não terminarão bem. Não é preciso esconder isso do espectador ávido por surpresas. O gênero já
nos leva para lá. Mas o que poderia ser mera punição do mau
comportamento, Walsh sabe
trabalhar como a grandeza de
ambição desses homens, que
poderiam ser policiais ou taxistas, mas não se contêm: é preciso ao menos tentar ser grande,
matar para viver seu destino e
morrer com grandeza.
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