São Paulo, sábado, 20 de março de 2010

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Crítica

Fuller mostra que na guerra herói é quem sobrevive

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Quem digitar, no YouTube, as palavras Falkenau, Elie Weiss e Samuel Fuller topará com uma série de pequenos filmes, os primeiros feitos por Fuller, numa câmera 16 mm.
Eles foram feitos no momento em que seu pelotão entrou em Falkenau e topou com um campo de concentração em pleno funcionamento.
Algumas dessas cenas foram reconstituídas em "Agonia e Glória" (TCM, 19h55; livre), o último grande filme de guerra, talvez o maior deles.
Fuller está inteiro ali. Ele é o recruta com o inseparável charuto. O escritor da turma. A Segunda Guerra vista neste filme não é uma coisa exterior: Fuller está todo lá.
Ainda não era um cineasta. A câmera que usará em Falkenau lhe foi enviada pela mãe em 1943 e foi ligada por ordem do comandante do regimento, que achava absolutamente necessário registrar não só os mortos-vivos que lá estavam como o trabalho imposto à população local: já que eles alegavam ignorar o que acontecia no local, argumentava o oficial, agora teriam de enterrar cada um dos mortos decentemente e com suas próprias mãos.
Essa história é paralela ao filme, mas corre junto com a máxima criada por Fuller a seu respeito: "Na guerra, o único heroísmo é sobreviver". Talvez isso torne compreensível, também, a célebre definição criada pelo cineasta: "O cinema é um campo de batalha".

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