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Crítica
Fuller mostra que na guerra herói é quem sobrevive
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Quem digitar, no YouTube,
as palavras Falkenau, Elie
Weiss e Samuel Fuller topará
com uma série de pequenos filmes, os primeiros feitos por
Fuller, numa câmera 16 mm.
Eles foram feitos no momento em que seu pelotão entrou
em Falkenau e topou com um
campo de concentração em
pleno funcionamento.
Algumas dessas cenas foram
reconstituídas em "Agonia e
Glória" (TCM, 19h55; livre), o
último grande filme de guerra,
talvez o maior deles.
Fuller está inteiro ali. Ele é o
recruta com o inseparável charuto. O escritor da turma. A Segunda Guerra vista neste filme
não é uma coisa exterior: Fuller está todo lá.
Ainda não era um cineasta. A
câmera que usará em Falkenau
lhe foi enviada pela mãe em
1943 e foi ligada por ordem do
comandante do regimento, que
achava absolutamente necessário registrar não só os mortos-vivos que lá estavam como
o trabalho imposto à população
local: já que eles alegavam ignorar o que acontecia no local,
argumentava o oficial, agora teriam de enterrar cada um dos
mortos decentemente e com
suas próprias mãos.
Essa história é paralela ao filme, mas corre junto com a máxima criada por Fuller a seu
respeito: "Na guerra, o único
heroísmo é sobreviver". Talvez
isso torne compreensível, também, a célebre definição criada
pelo cineasta: "O cinema é um
campo de batalha".
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