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entrevista
Paulo Coelho defende autopirataria
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de papel para reedição de livros na Rússia
levou o escritor Paulo
Coelho à autopirataria.
Sem o livro impresso e
munido da tradução para o
russo, Coelho decidiu disponibilizá-la em seu site.
Coincidência ou não, as
versões do livro em papel,
quando reeditadas naquela língua, bateram 1 milhão
de exemplares vendidos.
"Recebia muitos e-mails
que faziam referência à
edição pirata do site." Entusiasmado, o escritor resolveu repetir a estratégia
com outros livros em outras línguas colacionando
links das obras dos sites
troca de arquivos. "Criei o
meu "Pirate Coelho!"
Leia, a seguir, trechos da
entrevista concedida por
e-mail à Folha.
(FM)
FOLHA - "O Vencedor Está
Só" estava nos camelôs do Peru antes de concluída a tradução oficial. Como isso ocorreu?
PAULO COELHO - A tradução
da [editora] Planeta foi
preparada com certa lentidão, e o editor pirata resolveu encomendar uma tradução ele mesmo.
FOLHA - Como a pirataria interfere no seu trabalho?
COELHO - Meus maiores
índices de pirataria são os
seguintes: Oriente Médio,
América Latina e Índia.
Muita gente diz que,
porque eu vendo muitos
livros, posso me dar ao luxo de piratear meus próprios livros. O que aconteceu foi exatamente o contrário: vendi essa quantidade porque me dei ao trabalho de fazer isso. Se hoje
alguém me propusesse publicar um livro para três
leitores, ganhando 3 milhões de dólares, ou publicar um livro para três milhões de leitores, ganhando três dólares, escolheria
a segunda opção.
FOLHA - Dá para comparar pirataria de música e de livros?
COELHO - A indústria do livro não pode seguir os passos da indústria musical,
que fechou o Napster só
para ver a proliferação de
sites de troca de arquivo.
Com novos suportes, como o Kindle, o Nook e o
Sony Reader, e as aplicações do iPhone, o autor
que colocar seus textos em
blogs antes e gratuitamente irá escolher os formatos
eletrônicos. E aí a editora
passa a ser dispensável como são hoje as gravadoras.
Países que repreendem
a troca de arquivo, como a
França, verão seus escritores perder terreno num
mundo cada vez mais
competitivo. Repressão
não é a resposta, e sim usar
o que a tecnologia tem de
bom para promover o que
a literatura tem de melhor.
Há dez anos, meus livros
eram vendidos só no Chile. Hoje estão em todo canto, e as edições piratas dominam o mercado.
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