|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hotel tropical
Com influências do legado tropicalista, da eletrônica e do folk, cantora Cibelle lança disco conceitual em que celebra imaginário festivo
BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
Todas as vezes em que Cibelle, 32, paulistana radicada em
Londres, faz shows no Brasil,
instaura-se um verdadeiro caos
de música e brincadeiras com o
público. É como se o programa
de TV "Cassino do Chacrinha"
estivesse de volta, mas agora
com uma mulher no lugar do
Velho Guerreiro.
Em vez de gritos sobre bacalhau e a Teresinha, a plateia e a
cantora soltam enigmáticos
bordões. "Abravanaaaaa!"; "fogoooo!"; "águaaaa!". O mundo
tropicalista de Cibelle está de
volta, com o terceiro e novo disco, "Las Vênus Resort Palace
Hotel", ponto alto de sua carreira até agora. O CD sai primeiro no exterior e terá lançamento no Brasil no segundo semestre pela ST2.
Desta vez, a cantora criou um
disco conceitual, celebrando
seu imaginário psicodélico de
festas, cores, música, moda, hedonismo e boemia.
É um caminho natural para
Cibelle, que lançou o primeiro
disco, homônimo, em 2003.
Inicialmente, a cantora era
uma das pupilas do produtor
Suba (1961-1999), idealizador
da sonoridade bossa eletrônica
de Bebel Gilberto.
Mas Cibelle foi além. Enquanto Bebel continua seguindo a fórmula que estourou no
exterior, hoje estagnada numa
sonoridade de bares lounge, Cibelle atualizou o legado de bandas de vanguarda dos anos 60,
como Os Mutantes, abertas às
mais diversas influências.
Mantém ainda um pé na eletrônica abrasileirada e no neofolk
hippie dos internacionais Cocorosie e Devendra Banhart.
Tudo pode parecer uma
grande piada interna de Cibelle. Sua afirmação autoral, no
entanto, veio quando absorveu
a linguagem de sua turma -o
estilista Dudu Bertholini, o artista plástico Rick Castro-,
herdeira da tradição tropicalista de Caetano e Gil. Surgiu aí
um estilo peculiar, de sonoridade brasileira moderna e totalmente inserida no contexto do
pop internacional.
Texto Anterior: Oiticica tem retrospectiva em SP Próximo Texto: Cibelle no fim do mundo Índice
|