São Paulo, sábado, 20 de março de 2010

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Hotel tropical

Com influências do legado tropicalista, da eletrônica e do folk, cantora Cibelle lança disco conceitual em que celebra imaginário festivo

BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Todas as vezes em que Cibelle, 32, paulistana radicada em Londres, faz shows no Brasil, instaura-se um verdadeiro caos de música e brincadeiras com o público. É como se o programa de TV "Cassino do Chacrinha" estivesse de volta, mas agora com uma mulher no lugar do Velho Guerreiro.
Em vez de gritos sobre bacalhau e a Teresinha, a plateia e a cantora soltam enigmáticos bordões. "Abravanaaaaa!"; "fogoooo!"; "águaaaa!". O mundo tropicalista de Cibelle está de volta, com o terceiro e novo disco, "Las Vênus Resort Palace Hotel", ponto alto de sua carreira até agora. O CD sai primeiro no exterior e terá lançamento no Brasil no segundo semestre pela ST2.
Desta vez, a cantora criou um disco conceitual, celebrando seu imaginário psicodélico de festas, cores, música, moda, hedonismo e boemia.
É um caminho natural para Cibelle, que lançou o primeiro disco, homônimo, em 2003. Inicialmente, a cantora era uma das pupilas do produtor Suba (1961-1999), idealizador da sonoridade bossa eletrônica de Bebel Gilberto.
Mas Cibelle foi além. Enquanto Bebel continua seguindo a fórmula que estourou no exterior, hoje estagnada numa sonoridade de bares lounge, Cibelle atualizou o legado de bandas de vanguarda dos anos 60, como Os Mutantes, abertas às mais diversas influências. Mantém ainda um pé na eletrônica abrasileirada e no neofolk hippie dos internacionais Cocorosie e Devendra Banhart.
Tudo pode parecer uma grande piada interna de Cibelle. Sua afirmação autoral, no entanto, veio quando absorveu a linguagem de sua turma -o estilista Dudu Bertholini, o artista plástico Rick Castro-, herdeira da tradição tropicalista de Caetano e Gil. Surgiu aí um estilo peculiar, de sonoridade brasileira moderna e totalmente inserida no contexto do pop internacional.


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