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EDUCAÇÃO
Homenageada pela USP, antropóloga defende extensão do estudo superior público para fora da universidade
Emérita, Durham pede ensino democrático
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Como manda a tradição, ela
chegou escoltada por dois professores eméritos da USP. Antonio
Candido de um lado; José Arthur
Giannotti do outro. Sorridente,
entrou no Salão Nobre da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), levantando aplausos.
Foi assim que, depois de 50 anos
na Universidade de São Paulo, a
antropóloga Eunice Ribeiro Durham chegou ao ponto mais alto
para um docente da instituição.
Na cerimônia, realizada na tarde
de anteontem, ela recebeu o título
de professora emérita da USP.
O ato durou pouco mais de uma
hora. Com quase todas as cem calejadas cadeiras azuis do salão
ocupadas por professores da universidade, além de amigos e estudantes, a sessão foi aberta com a
tradicional "saudação", fala na
qual um ex-aluno do homenageado repassa sua trajetória.
A antropóloga Maria Lúcia
Montes, a encarregada, sublinhou
o "profundo rigor e a abertura de
espírito" de Durham e enumerou
os múltiplos cargos exercidos pela
professora dentro da universidade e como "figura pública" nos últimos 15 anos, lembrando os períodos em que ela foi secretária
nacional do Ensino Superior e de
Educação Superior.
Foi precisamente esse tema,
educação superior, o núcleo do
discurso de Durham, que já falou
como emérita, pois havia recebido um canudo com o diploma das
mãos do professor Francis Henrik
Aubert, diretor da FFLCH.
Emocionada, ela começou saudando Eduardo d'Oliveira França, veterano professor de história
da USP, e o crítico literário Antonio Candido ("meu professor e
intelectual que sempre invejei").
A homenagem aos dois docentes serviu para que a antropóloga
fizesse sua declaração de amor à
atividade de dar aulas (aposentada em 1996, ela continua dando
classes voluntariamente).
Durham passou, na sequência,
ao ponto nevrálgico de sua fala. O
ensino superior público precisa
ser democratizado, e isso não significa necessariamente investimentos em universidade. "Acho,
ao contrário do que pensava em
1964, que a universidade não é
uma boa instituição de massa. Ela
é muito cara."
Para ela, escolas ou institutos
mais simplificados poderiam assumir parte do ensino superior
(sobretudo com a "explosão de
demanda" que Durham prevê para os próximos anos, graças ao
"grande desenvolvimento recente
do ensino médio").
Na última parte de sua exposição, já fumando seus inseparáveis
cigarros finos, a professora comentou a reforma de 1968 da divisão das unidades da Universidade
de São Paulo, que diminuiu a interdisciplinaridade da instituição,
que precisaria ser retomada. Final
do discurso. Mais aplausos.
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