São Paulo, sábado, 20 de abril de 2002

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EDUCAÇÃO

Homenageada pela USP, antropóloga defende extensão do estudo superior público para fora da universidade

Emérita, Durham pede ensino democrático

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Como manda a tradição, ela chegou escoltada por dois professores eméritos da USP. Antonio Candido de um lado; José Arthur Giannotti do outro. Sorridente, entrou no Salão Nobre da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), levantando aplausos.
Foi assim que, depois de 50 anos na Universidade de São Paulo, a antropóloga Eunice Ribeiro Durham chegou ao ponto mais alto para um docente da instituição. Na cerimônia, realizada na tarde de anteontem, ela recebeu o título de professora emérita da USP.
O ato durou pouco mais de uma hora. Com quase todas as cem calejadas cadeiras azuis do salão ocupadas por professores da universidade, além de amigos e estudantes, a sessão foi aberta com a tradicional "saudação", fala na qual um ex-aluno do homenageado repassa sua trajetória.
A antropóloga Maria Lúcia Montes, a encarregada, sublinhou o "profundo rigor e a abertura de espírito" de Durham e enumerou os múltiplos cargos exercidos pela professora dentro da universidade e como "figura pública" nos últimos 15 anos, lembrando os períodos em que ela foi secretária nacional do Ensino Superior e de Educação Superior.
Foi precisamente esse tema, educação superior, o núcleo do discurso de Durham, que já falou como emérita, pois havia recebido um canudo com o diploma das mãos do professor Francis Henrik Aubert, diretor da FFLCH.
Emocionada, ela começou saudando Eduardo d'Oliveira França, veterano professor de história da USP, e o crítico literário Antonio Candido ("meu professor e intelectual que sempre invejei").
A homenagem aos dois docentes serviu para que a antropóloga fizesse sua declaração de amor à atividade de dar aulas (aposentada em 1996, ela continua dando classes voluntariamente).
Durham passou, na sequência, ao ponto nevrálgico de sua fala. O ensino superior público precisa ser democratizado, e isso não significa necessariamente investimentos em universidade. "Acho, ao contrário do que pensava em 1964, que a universidade não é uma boa instituição de massa. Ela é muito cara."
Para ela, escolas ou institutos mais simplificados poderiam assumir parte do ensino superior (sobretudo com a "explosão de demanda" que Durham prevê para os próximos anos, graças ao "grande desenvolvimento recente do ensino médio").
Na última parte de sua exposição, já fumando seus inseparáveis cigarros finos, a professora comentou a reforma de 1968 da divisão das unidades da Universidade de São Paulo, que diminuiu a interdisciplinaridade da instituição, que precisaria ser retomada. Final do discurso. Mais aplausos.


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