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"Coleção" destaca prosa poética
e inovadora de Guimarães Rosa
"Primeiras Estórias", volume com 21 contos, chega às bancas no próximo domingo
DA REPORTAGEM LOCAL
João Guimarães Rosa nasceu
em 1908, circunstância que parece ter selado seu destino,
pois, naquele mesmo ano, morria Machado de Assis. Era como
se o mestre do século 19 desse
lugar para aquele que seria considerado o maior prosador nacional do século 20.
Desde as histórias (ou "estórias", como ele preferia) de "Sagarana" e o romance "Grande
Sertão: Veredas", Rosa sagrou-se por estabelecer uma prosa
densa, baseada em uma mitopoética de fundo regionalista e
uma linguagem de aspecto deslumbrante e renovado.
Rosa servia-se, no terreno
pretensamente lógico da ficção,
de um registro próximo da poesia, com farto uso de figuras de
linguagem, entre neologismos,
arcaísmos e inversões sintáticas. O resultado, segundo o crítico Óscar Lopes, é um "efeito
poético radical: o efeito de ressaca do significado novo sobre
o significado corrente".
A transformação que ocorre
no nível vocabular corresponde
à desagregação sugerida pelas
histórias. Nelas, o mítico, o
misterioso e o inexplicado ocupam o terreno que se esperaria
realista das narrativas situadas
no sertão mineiro.
Essas características estão
em "Primeiras Estórias", 11º
volume da "Coleção Folha
Grandes Escritores Brasileiros". Os protagonistas dos 21
contos do livro são gente alheada do trato humano comum:
loucos, sonhadores, crianças
hipersensíveis, apaixonados.
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