São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Coleção" destaca prosa poética e inovadora de Guimarães Rosa

"Primeiras Estórias", volume com 21 contos, chega às bancas no próximo domingo

DA REPORTAGEM LOCAL

João Guimarães Rosa nasceu em 1908, circunstância que parece ter selado seu destino, pois, naquele mesmo ano, morria Machado de Assis. Era como se o mestre do século 19 desse lugar para aquele que seria considerado o maior prosador nacional do século 20.
Desde as histórias (ou "estórias", como ele preferia) de "Sagarana" e o romance "Grande Sertão: Veredas", Rosa sagrou-se por estabelecer uma prosa densa, baseada em uma mitopoética de fundo regionalista e uma linguagem de aspecto deslumbrante e renovado.
Rosa servia-se, no terreno pretensamente lógico da ficção, de um registro próximo da poesia, com farto uso de figuras de linguagem, entre neologismos, arcaísmos e inversões sintáticas. O resultado, segundo o crítico Óscar Lopes, é um "efeito poético radical: o efeito de ressaca do significado novo sobre o significado corrente".
A transformação que ocorre no nível vocabular corresponde à desagregação sugerida pelas histórias. Nelas, o mítico, o misterioso e o inexplicado ocupam o terreno que se esperaria realista das narrativas situadas no sertão mineiro.
Essas características estão em "Primeiras Estórias", 11º volume da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros". Os protagonistas dos 21 contos do livro são gente alheada do trato humano comum: loucos, sonhadores, crianças hipersensíveis, apaixonados.


Texto Anterior: Folha lança revista "Serafina" no domingo
Próximo Texto: Milton Neves reestréia após conflito
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.