Fernando Ceylão, de "Amorais", lança "Cabeça de Gordo", sobre obsessões

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

"Assistir a filme em 3D é que nem conversar com os seus pais: o tempo inteiro ficam jogando coisas na sua cara" ou "só uma coisa é mole na vida do gordo: a barriga".
O humorista Fernando Ceylão, 35, amarra piadas assim em "Cabeça de Gordo", livro que sai neste mês pela Objetiva. O texto não tem ordem cronológica; é como se estendesse uma apresentação de stand-up com traços autobiográficos, principalmente na parte que trata de sua estética.
Mas, apesar do título, não é só de gordos que Ceylão fala. Há espaço para outras obsessões modernas, como celular, shopping e internet.
"Desde 1998, quando comecei a fazer comédia, tinha a ideia de transformar o que eu fazia no palco em livro. Poucas coisas do texto são inéditas mesmo", conta ele, num curto intervalo entre as filmagens da segunda temporada de "Amorais", série que escreve, dirige e protagoniza no Canal Brasil.
Ele começou na televisão como redator de programas como "Brasil Legal", na Globo. Depois fez "Você Está Aqui", no Canal Brasil, em que mostrava um lado sombrio das pessoas.
Já "Amorais" tem um clima bem mais violento e menos engraçado que "Cabeça de Gordo". "Tinha algumas partes mais pesadas no livro, mas acabamos tirando porque destoava do resto. Humor dialoga melhor com as pessoas", opina. A nova leva de episódios estreia em julho. Depois, dá origem a um longa. Com título de "Eu Mereço", vai explorar um triângulo amoroso com seu personagem no programa e duas garotas que ele engravida.
"É mais uma comédia romântica. Eu diria que a série está mais na linha de Quentin Tarantino, e o filme mais para Woody Allen", define Ceylão. Ele diz que não se acha engraçado: "Se não me policiar, o que eu escrevo sai triste. Mas talvez eu seja só confuso."