São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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Parati para todos

Em sua 2ª edição, festival literário cresce e traz Paul Auster, Martin Amis e Margaret Atwood

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A criança já nasceu cercada de mimos e agora, no primeiro aniversário, tem uma festa de arromba -e, melhor, sem palhaços.
A Flip, a Festa Literária Internacional de Parati, chega à sua segunda edição em julho próximo maior em todos os quesitos: mais dias, mais autores e mais espaço para o público.
Principal evento literário do país, o jovem festival ancorado na cidade histórica do Estado do Rio colocou anteontem o ponto final na sua programação, neste ano repleta de superlativos (preste atenção em quantos "um dos maiores" vêm em seguida).
Estarão na antiga rota do ouro três dos maiores autores da literatura britânica, Ian McEwan, Martins Amis e Margaret Atwood, um dos maiores nomes da literatura americana, Paul Auster, quatro medalhões da literatura nacional, Lygia Fagundes Telles, João Ubaldo Ribeiro, Moacyr Scliar e Luis Fernando Veríssimo.
A lista segue com o crítico Davi Arrigucci Jr., dos principais ensaístas do país, que fará a palestra de abertura da 2ª Flip, com Francisco Alvim, dos maiores poetas do país, com José de Souza Martins, dos principais sociólogos brasileiros, e "last but not least" com a dupla: Chico Buarque e Caetano Veloso (e ponto).
Idealizado pela inglesa Liz Calder, uma das maiores (mais um) editoras do Reino Unido, sócia da Bloomsbury (casa que descobriu o garoto "Harry Potter"), a Flip deixa de ser uma festa bilíngue.
Se na primeira edição, estrelada por autores como Eric Hobsbawm, Julian Barnes e Don DeLillo, a festa só falava inglês e português, desta vez ela recebe também o francês (representado por Pierre Michon e Geneviève Brisac) e o espanhol (defendido pelo argentino Pablo de Santis e pela espanhola Rosa Montero).
Entre os 38 autores da festança (mais numerosos que os 25 da Flip inaugural) também estarão pela primeira vez lusofalantes d'além-mar: os portugueses Miguel de Sousa Tavares e Lídia Jorge e o angolano José Eduardo Agualusa.
Eles terão uma arquibancada mais cheia do que a disponível aos autores da edição passada do festival. A Flip troca o charmoso, mas abafado e pequeno, casarão colonial de sua primeira dentição por uma tendona.
"O resultado da primeira Flip foi esplêndido, mas com tudo de muito positivo mostrou um bocado de coisas que precisavam melhorar: podia e devia ter fôlego maior e, sobretudo, deveria estar acessível para um público maior", conta Flávio Pinheiro, diretor de programação da Festa, patrocinada pelo Unibanco e pela Biblioteca Nacional.
Ele diz que na ponta do lápis cabiam no primeiro espaço da Flip 178 espectadores e que agora serão 550 as cadeiras no espaço principal. Uma segunda tenda, instalada do outro lado do riacho que corta Parati, acomodará outros 800 leitores que assistirão às palestras por telão. Completa o "acampamento" uma tenda de autógrafos e venda de livros.
Serão muitas as novidades na barraquinha em questão. Boa parte dos autores escalados para a Flip estão lançando novos livros, como Paul Auster ("A Noite do Oráculo", da Companhia das Letras) e o também destacado britânico Jonathan Coe (que terá seu "Clube dos Podres", da Record).
Um grupo maior é dos que publicam seus primeiros títulos no Brasil, com a Flip: Rosa Montero terá romance pela Ediouro, Miguel Sousa Tavares terá seu polêmico "Equador" pela editora Nova Fronteira, Pierre Michon faz sua "quase-estréia" com "Vidas Minúsculas", com livro pela Estação Liberdade.
Vidas maiúsculas também terão vez. Se em 2003 a Flip festejou Vinicius de Moraes, desta vez serão dois celebrados: Guimarães Rosa e James Joyce. É só o começo.


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