São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2005

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CINEMA

"Scorsese on Scorsese" dá voz a Scorsese

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em "Scorsese on Scorsese", que o Cinemax exibe hoje, a única voz em cena é a do próprio Martin Scorsese, intercalada às de seus filmes -ambas sob a direção do crítico de cinema e documentarista Richard Schickel.
Antes de ser uma opção usual no documentarismo, esta de ilustrar algumas falas do entrevistado, Schickel recorre ao que Scorsese já fizera antes, quando rodou o seu "Uma Viagem Pessoal pelo Cinema Americano", no qual descrevia e dissertava sobre filmes que tocaram sua memória.
Na maioria, eram filmes extraordinários, até porque Scorsese é dos mais importantes cineastas da história. Influenciado pela nouvelle vague francesa, saiu da universidade fazendo um cinema diferenciado, abordando, meio autobiograficamente, um submundo que jamais estaria num cinema glamourizado. Prospectando estilos, ele fez obras-primas como "Taxi Driver" (76), "Touro Indomável" (80) e "Cassino", cujo início também está no prólogo deste documentário de 2004.
Scorsese abre falando sobre a Festa de São Genaro, a sua infância no violento bairro da Little Italy, o filme com seus pais e as decisões artísticas. Se nem toda a obra é comentada, o extraordinário fica na tentativa de um cineasta definir sua obra, algo impossível, parece, porque não alcança a elevação de seus filmes. Grosso modo, o que está em toda sua obra é a relação de personagens com o mundo, quase sempre temperada pela violência.
E há uma ótima reflexão de Scorsese, então, que liga a obra ao mundo. Ele conta que este "está voltando a ser como na época de "Gangues de Nova York'", filme onde a humanidade estava imersa na barbárie da violência, do medo e da vingança. E salta para "O Aviador", sobre o atormentado Hughes, que parece estar preso como "no labirinto do Minotauro". No fragmento de suas falas, fica claro que sua obra toca a beleza e aflição do homem.


Scorsese on Scorsese
Quando:
hoje, às 22h, no Cinemax


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