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CINEMA
"Scorsese on Scorsese" dá voz a Scorsese
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em "Scorsese on Scorsese", que
o Cinemax exibe hoje, a única voz
em cena é a do próprio Martin
Scorsese, intercalada às de seus
filmes -ambas sob a direção do
crítico de cinema e documentarista Richard Schickel.
Antes de ser uma opção usual
no documentarismo, esta de ilustrar algumas falas do entrevistado, Schickel recorre ao que Scorsese já fizera antes, quando rodou
o seu "Uma Viagem Pessoal pelo
Cinema Americano", no qual descrevia e dissertava sobre filmes
que tocaram sua memória.
Na maioria, eram filmes extraordinários, até porque Scorsese é dos mais importantes cineastas da história. Influenciado pela
nouvelle vague francesa, saiu da
universidade fazendo um cinema
diferenciado, abordando, meio
autobiograficamente, um submundo que jamais estaria num cinema glamourizado. Prospectando estilos, ele fez obras-primas
como "Taxi Driver" (76), "Touro
Indomável" (80) e "Cassino", cujo
início também está no prólogo
deste documentário de 2004.
Scorsese abre falando sobre a
Festa de São Genaro, a sua infância no violento bairro da Little
Italy, o filme com seus pais e as
decisões artísticas. Se nem toda a
obra é comentada, o extraordinário fica na tentativa de um cineasta definir sua obra, algo impossível, parece, porque não alcança a
elevação de seus filmes. Grosso
modo, o que está em toda sua
obra é a relação de personagens
com o mundo, quase sempre
temperada pela violência.
E há uma ótima reflexão de
Scorsese, então, que liga a obra ao
mundo. Ele conta que este "está
voltando a ser como na época de
"Gangues de Nova York'", filme
onde a humanidade estava imersa
na barbárie da violência, do medo
e da vingança. E salta para "O
Aviador", sobre o atormentado
Hughes, que parece estar preso
como "no labirinto do Minotauro". No fragmento de suas falas,
fica claro que sua obra toca a beleza e aflição do homem.
Scorsese on Scorsese
Quando: hoje, às 22h, no Cinemax
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