São Paulo, domingo, 20 de maio de 2007

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Aos 13 na TV, "ER" lança 7º ano em DVD

LUCAS NEVES
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

Em 1999, George Clooney pôs de lado o desfibrilador no pronto-socorro mais famoso da TV norte-americana para se concentrar no cinema. Mais tarde, Anthony Edwards (dr. Greene) e Noah Wyle (dr. Carter) também penduraram os jalecos do County General- mas com a desculpa de lhes faltar tempo para a família. Agora, é a vez do croata Goran Visnjic, 34, atual protagonista da série "ER" (tida como divisora de águas ao estrear, em 94, por retratar com diálogos e mise-en-scène hiperrealistas o dia-a-dia de uma emergência hospitalar), encerrar seu turno.
Em entrevista à Folha em Buenos Aires, o ator contou que a despedida de seu personagem, Luka Kovac, é o clímax da 13ª temporada, que terminou na última quinta nos EUA (em 7/6 no Brasil). Para os fãs de longa data, outro acontecimento é a chegada do DVD do 7º ano (2000/2001) do programa (R$ 129) -quando ainda aparecia no topo do ranking de audiência nos EUA- às lojas.
Um ano antes, ao se juntar à equipe, Kovac era a imagem da amargura: havia perdido mulher e filhos na guerra deflagrada pela desintegração da Iugoslávia. A adaptação ao "american way of life" incluiu uma fase promíscua, flertes malsucedidos com colegas e depressão, até acertar os ponteiros com a enfermeira Abby, pedir-lhe a mão e ter um filho com ela.
A trajetória de Visnjic não é tão acidentada quanto a do personagem, mas a passagem por campos de guerra é um ponto de interseção. Depois do serviço obrigatório, o ator se alistou voluntariamente no Exército quando começaram os conflitos entre sérvios e croatas. O tema ainda revolve feridas.
"Não falemos disso. Faz tempo. O importante é que a Croácia se reconstruiu e virou destino de férias na Europa", escapa.
A aversão ao assunto soa curiosa para alguém que se projetou internacionalmente com "Bem-Vindo a Sarajevo" (97), em que o inglês Michael Winterbottom registra o trabalho de jornalistas europeus na Guerra da Bósnia. A exibição do filme em Cannes serviu de passaporte do ator -que fez fama com tipos de Shakespeare e Molière- para Hollywood, onde teve de se haver com a língua e o imaginário ianque sobre o Leste Europeu.
"No início, acordava às 5h para ter aulas de pronúncia antes de gravar. Além disso, tive -e ainda tenho- que lutar contra o estereótipo do vilão." Por isso, ele pode perder um papel que poucos deixariam passar; sites indicam que estaria cotado para viver o antagonista de 007 no 22º filme da franquia. Ele nega.


O jornalista LUCAS NEVES viajou a convite da Warner

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