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Irmãos Dardenne filmam imigrante a partir de caso real
DA ENVIADA ESPECIAL A CANNES
Duas vezes vencedores da
Palma de Ouro (com "Rosetta"
e "A Criança"), os irmãos belgas
Luc e Jean-Pierre Dardenne
voltam a competir pelo prêmio
no 61º Festival de Cannes, com
"Le Silence de Lorna" (o silêncio de lorna), exibido ontem.
Trata-se de um filme "da
mesma família" dos anteriores
da dupla, como observa Jean-Pierre, o que significa que, "no
final, a personagem principal
torna-se mais humana".
Lorna (Arta Dobroshi) é uma
imigrante albanesa vivendo na
Bélgica que faz um acordo com
o dependente químico Claudy
(Jérémie Renier), para que ela
possa obter a cidadania belga.
Os dois se casariam e se divorciariam o mais rápido possível. Ele embolsa um pagamento a cada etapa cumprida do
"negócio", gerenciado por Fabio (Fabrizio Rongione). O que
Claudy não sabe é que o plano
real de seus "contratantes" é
matá-lo com uma aparente autoprovocada overdose, para
que Lorna, já uma cidadã belga,
possa vender mais rápido seu
próximo casamento -com outro imigrante disposto a comprar a cidadania européia.
A humanização de Lorna
ocorre à medida que ela deixa
de compartilhar com Fabio a
idéia de que Claudy é "um drogado cuja morte não fará diferença" e tenta mudar o plano.
Os irmãos Dardenne escreveram a trama de "Le Silence
de Lorna" a partir de um testemunho real que ouviram de
uma mulher. Mas acrescentaram à história outros elementos, como o da gravidez.
Diferentemente de seus dois
últimos filmes -"A Criança" e
"O Filho"- em "Le Silence de
Lorna" a câmera dos cineastas
não está colada à personagem.
"Aqui, temos uma câmera
mais calma, porque queríamos
olhar Lorna. Para isso acontecer, a câmera não podia se movimentar junto com ela. Nossa
intenção dessa vez foi mais a de
registrar do que a de escrever
com a câmera", afirmou Luc.
A Albânia foi escolhida como
país de origem de Lorna porque
os personagens da história que
inspirou o filme eram albaneses. "Queríamos contar a história dessa mulher. O que nos interessava é que ela viesse de um
país fora da Europa. Mas poderia ser qualquer outro, como o
Brasil, por exemplo", disse Luc.
A atriz Arta Dobroshi, nascida em Pristina (Kosovo), disse
que, embora saiba de "pessoas
dos Bálcãs que viveram situações semelhantes", procurou
enxergar sua personagem como "um ser humano em busca
da sobrevivência, que poderia
ser de qualquer lugar".
(SA)
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