São Paulo, quarta, 20 de maio de 1998

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Livro de memórias de Iberê Camargo é lançado sob polêmica

e da Reportagem Local

O livro "Gaveta dos Guardados" (Edusp, R$ 25), com as memórias do pintor Iberê Camargo, será lançado hoje à noite em São Paulo já envolto em polêmica.
O professor de Literatura da USP e colaborador da Folha Augusto Massi é acusado pelo jornalista Flávio Tavares de ter "usurpado" seu trabalho de organização das memórias do pintor.
O livro, organizado por Massi, é uma compilação dos textos que Camargo escreveu desde os anos 40 até sua morte, em agosto de 94.
Segundo Tavares, que vive em Buenos Aires, o próprio Iberê tinha dado a ele a tarefa de organizar os escritos, cinco meses antes de sua morte. Massi, diz Tavares, teria apenas mudado o título e a ordem de alguns textos.
Ele e a professora Elisabeth Mattos, contou, demoraram três meses e meio para organizar todos os textos e terminar o livro. Os dois revisaram textos, organizaram capítulos e deram títulos a alguns dos escritos, entre outras tarefas.
Com o trabalho pronto, não conseguiram editora para publicar. Tavares disse ter entregue o trabalho "pronto" à viúva.
Ele afirmou que não vai entrar na Justiça, porque não tem nada a ganhar com isso, já que o livro é de Iberê. Segundo ele, Massi está atrás de um "brilhareco", ao dizer que realizou algo que não fez.
Massi se defende dizendo ter sido convidado pela viúva do pintor para concluir o trabalho e que fez várias mudanças no material.
"Além disso, na apresentação, eu digo que meu trabalho foi feito a partir do deles. O livro é do Iberê, meu nome nem aparece na capa, só na introdução", diz Massi.
Ele conta ter cortado dois capítulos inteiros, acrescentado um texto que lhe foi entregue pela viúva do pintor e anexado material iconográfico e fotográfico à obra.
"Eu acho um absurdo tudo isso. É um sujeito de quem a viúva tirou o livro e deu para mim, eu não fui atrás. Ele deve ter tido trabalho, mas eu recebi o material e não tenho que prestar contas a ele", disse Massi.
A viúva de Iberê, Maria Camargo, confirma ter dado a tarefa a Massi porque Tavares não conseguiu uma editora.
"O Flávio está sendo injusto. Ele ficou nem sei quanto tempo com o livro e não conseguiu publicar. Por isso eu não quis mais fazer com ele", disse.



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