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A geração química urra
ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha
Voltou tudo. Os Chemical Brothers, amigos químicos, fizeram
voltar toda a energia do tecno, toda
a ira da música eletrônica de que
precisamos numa pista de dança.
As imagens dos telões serviam de
moldura não para astros de um
pop distante, mas para companheiros de jornadas psicodélicas
dentro de nossos corpos e mentes.
Sem rosto como pede o estrelato
do tecno, mas cheio de energia e
amor para dar, o integrante Tom
Rowlands encarnava uma espécie
de Rick Wakeman anos 90/2000,
chacoalhando os cabelos, trocando simpatias, conclamando o povo
a pular.
Aula de cultura vinda dos clubes,
o show foi recebido aos -irônicos- gritos de "chemical, chemical". A geração química urrava.
Os sons pareciam vir de todos os
cantos, os ruídos tomavam conta
dos ouvidos e dos ombros. "Hey
Boy Hey Girl", eles saudaram, no
início.
Agradando com acordes de hits
de ontem e sempre como "Song to
the Siren", eles foram alternando
timbres e refrãos familiares com
suas mais novas esquisitices -o
público eletrônico ama novidade.
E, quando a gente ia cansando, a
mais oportuna baixada no BPM
(número de batidas por minuto),
desacelerava nosso coração.
E assim fomos, até o lisérgico final com referências sacras, voltando a acreditar em nossos credos
mais íntimos; em geração; em experiências compartilhadas; na religião desta década.
Se, como alguns dizem, São Paulo chegou atrasada uma década na
cultura acid, podemos dizer que
estávamos prontos para receber a
nova hóstia -hipnotizados, atentos e felizes.
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