São Paulo, Quinta-feira, 20 de Maio de 1999
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A geração química urra

ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha

Voltou tudo. Os Chemical Brothers, amigos químicos, fizeram voltar toda a energia do tecno, toda a ira da música eletrônica de que precisamos numa pista de dança.
As imagens dos telões serviam de moldura não para astros de um pop distante, mas para companheiros de jornadas psicodélicas dentro de nossos corpos e mentes.
Sem rosto como pede o estrelato do tecno, mas cheio de energia e amor para dar, o integrante Tom Rowlands encarnava uma espécie de Rick Wakeman anos 90/2000, chacoalhando os cabelos, trocando simpatias, conclamando o povo a pular.
Aula de cultura vinda dos clubes, o show foi recebido aos -irônicos- gritos de "chemical, chemical". A geração química urrava.
Os sons pareciam vir de todos os cantos, os ruídos tomavam conta dos ouvidos e dos ombros. "Hey Boy Hey Girl", eles saudaram, no início.
Agradando com acordes de hits de ontem e sempre como "Song to the Siren", eles foram alternando timbres e refrãos familiares com suas mais novas esquisitices -o público eletrônico ama novidade.
E, quando a gente ia cansando, a mais oportuna baixada no BPM (número de batidas por minuto), desacelerava nosso coração.
E assim fomos, até o lisérgico final com referências sacras, voltando a acreditar em nossos credos mais íntimos; em geração; em experiências compartilhadas; na religião desta década.
Se, como alguns dizem, São Paulo chegou atrasada uma década na cultura acid, podemos dizer que estávamos prontos para receber a nova hóstia -hipnotizados, atentos e felizes.


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