São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

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AUDIOVISUAL

Projeto de produção e difusão de documentários estréia no próximo sábado e exibe 26 filmes até dezembro

TV pública ensaia casamento com cinema

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda não é o (anunciado) casamento da televisão com o cinema. Mas ganha circunstância de noivado o lançamento da série "DocTV - Brasil Imaginário", que ocorre no próximo sábado, com a exibição pelas emissoras públicas do país de "Eretz Amazônia", produção paraense dirigida por Alan Rodrigues.
Até 18 de dezembro, outros 25 documentários produzidos em 20 Estados brasileiros ocuparão semanalmente a faixa denominada "Doc.Brasil". "São quase 1.060 horas de conteúdo cultural na TV pública", observa Mário Borgneth, gerente de documentários da TV Cultura, uma das realizadoras do projeto.
As emissoras públicas brasileiras estão presentes em 1.900 municípios, atingindo um público potencial de 98 milhões de espectadores, segundo a Abepec (Associação Brasileira das emissoras Públicas, Educativas e Culturais), outra co-realizadora da iniciativa, na qual o MinC (Ministério da Cultura) investiu R$ 5,7 milhões.
"Esse enlace entre a nossa TV e o cinema independente é um dos maiores esforços deste governo", disse o secretário do Audiovisual, Orlando Senna. "Começamos pela TV pública, porque é por aí que se deve começar. Mas queremos estender isso para a TV aberta, privada, a cabo", afirma.

Regionalização
Os organizadores do DocTV o apontam como exemplo da regionalização da grade televisiva. "É o retrato do Brasil, e não o de tantos fashion shows e outras interrupções do trânsito que se vêem por aí", diz o presidente da Abepec, Jorge da Cunha Lima.
Os 26 documentários produzidos para essa programação foram selecionados por concurso, entre 628 inscritos.
"Eretz Amazônia" é baseado em livro homônimo do pesquisador Samuel Benchimol e relata a migração para a Amazônia brasileira de judeus oriundos principalmente do Norte do Marrocos.
O filme mescla reconstituição de época encenada por atores com depoimentos de descendentes dos emigrantes, além do registro de aspectos da cultura judaica, como música e gastronomia.
Os próximos documentários a serem apresentados são o cearense "Borracha para a Vitória", de Wolney Oliveira, sobre o segundo ciclo da borracha (dia 3 de julho); o gaúcho "Continente dos Viajantes", de André Constantin, sobre a expansão da fronteira brasileira até o Rio Grande do Sul (dia 10 de julho) e o alagoano "Imagem Peninsular de Lêdo Ivo", de Werner Salles, sobre o poeta (dia 17 de julho). As duas produções realizadas em São Paulo estão programadas para 4/9 ("Assombração Urbana com Roberto Piva", de Valesca Canabarro Dios) e 13/11 ("Preto contra Branco", de Wagner Morales).

Segunda edição
Na última quinta, durante solenidade de lançamento do DocTV realizada no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, o secretário do Audiovisual anunciou a realização de uma segunda edição ampliada do projeto, em que receberão apoio à produção 35 projetos de documentários, nos 26 Estados brasileiros. Novamente a escolha será feita por concurso de roteiros.
Senna anunciou também para 2005 uma edição latino-americana e outra em língua portuguesa do projeto. A secretária de Estado da Cultura de São Paulo, Cláudia Costin, disse que promoverá uma edição paulista do DocTV, com a seleção (também por concurso) de quatro projetos de documentários. A iniciativa da secretaria tem apoio da TV Cultura e da STV (rede SescSenac).
Além dos já citados objetivos de promover a regionalização da programação da TV brasileira e de consolidar uma rede de difusão do conteúdo nacional, o secretário do Audiovisual do MinC disse que o DocTV tem como reflexo "a garimpagem de novos talentos por todos esses "Brasis'".


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