São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 2005

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ILUSTRADA

"Vida real" de Karla Girotto e moda praia de Lenny são destaque no fim de semana de encerramento dos desfiles

Fashion Rio revela nova verdade tropical

ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O fim de semana no Fashion Rio trouxe imagens de moda diversas e surpreendentes.
O evento terminou ontem, depois de mostrar 35 desfiles de verão 2005, com as roupas que começam a chegar às lojas em setembro.
Em dois âmbitos diferentes, brilharam os talentos de Karlla Girotto e Lenny. Entre os novos, destacou-se a Koolture, que desfilou com pinta de wannabe Triton (no bom sentido). Tem futuro.

Personalidade feminina
Mostrado numa sala de desfile convencional, a análise do trabalho de Karlla Girotto ganhou nova percepção. Ela dividiu em duas partes sua apresentação, separadas por uma linha de náilon.
Na primeira seção, looks em preto, entre casacos e spencers de couro e musseline transparente, com uso de muitos laços e uma muito instigante visão da personalidade feminina -o maior mérito de Girotto como pensadora contemporânea.
No segundo momento, em que aparentemente tenta romper suas próprias fronteiras ou limites, Girotto se exercita na linguagem da cor, das listras e do romantismo.
Acerta nos dois, ainda que a edição do segundo segmento trouxe uma maior sensação de confusão conceitual.
Girotto está mais próxima da vida real, do entendimento em relação ao seu trabalho. Pode ajudar o povão ainda mais. Não necessariamente tocando Roberto Carlos ("O Portão") ao final do desfile, mais com leituras como Marina Lima ("Eu Não Sei Dançar") no início.

"Gucci"
Pode-se dizer que a Lenny é a Gucci da moda praia. Cenário de placas de plástico negro, com água refletindo a iluminação, a marca de Lenny Niemeyer vende life style e glamour, luxo em Lycra, ensinando a ser chique com pouca roupa.
Comportados, seus maiôs (quantos!) e biquínis envolvem corpos ricos -nem sempre sarados- de iates, chaise-longues, areias exclusivas e escaldantes em balneários daqui e de acolá.
Nesse caso, é a engrenagem que roda ao contrário, com marcas como Missoni ou Valentino que olham (e copiam) formas e abordagens vistas aqui mesmo nesta sala Pão de Açúcar do Fashion Rio.

Reinvenção
E é de lá que Lenny reina. Um pouco repetitivo, é verdade, mas são os estilistas de beachwear que ganham a ingrata tarefa de reinventar a roda dos triângulos de tecido mais importantes da história da moda.
A Lenny abre desta vez seu leque, tornando tudo um pouco mais jovial. O casting era cinco estrelas, e as meninas estavam lindas. As novidades: os drapeados Vionnet, os vazados, os xadrezes.
Percebeu? A Lenny faz melhor do que qualquer outra marca a transcrição do prêt-à-porter para a água (o étnico, o natural, os anos 50).
Conselhos: poderia ser ainda mais enxuto, não precisava do sax brega na música, poderia ter aberto com Michelle Alves, "o corpo" oficial da moda. Mas, como tudo na vida, são opções.
Outro momento foi protagonizado pelo músico Davi Moraes. Ontem, na Complexo B, ele sem querer querendo sintetizou a nova elegância carioca, costume de linho branco, verdade tropical. Como se diz aqui no Rio, um gato.


A jornalista Erika Palomino viajou a convite da Fashion Rio


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