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ILUSTRADA
"Vida real" de Karla Girotto e moda praia de Lenny são destaque no fim de semana de encerramento dos desfiles
Fashion Rio revela nova verdade tropical
ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
O fim de semana no Fashion Rio
trouxe imagens de moda diversas
e surpreendentes.
O evento terminou ontem, depois de mostrar 35 desfiles de verão 2005, com as roupas que começam a chegar às lojas em setembro.
Em dois âmbitos diferentes, brilharam os talentos de Karlla Girotto e Lenny. Entre os novos,
destacou-se a Koolture, que desfilou com pinta de wannabe Triton
(no bom sentido). Tem futuro.
Personalidade feminina
Mostrado numa sala de desfile
convencional, a análise do trabalho de Karlla Girotto ganhou nova
percepção. Ela dividiu em duas
partes sua apresentação, separadas por uma linha de náilon.
Na primeira seção, looks em
preto, entre casacos e spencers de
couro e musseline transparente,
com uso de muitos laços e uma
muito instigante visão da personalidade feminina -o maior mérito de Girotto como pensadora
contemporânea.
No segundo momento, em que
aparentemente tenta romper suas
próprias fronteiras ou limites, Girotto se exercita na linguagem da
cor, das listras e do romantismo.
Acerta nos dois, ainda que a edição do segundo segmento trouxe
uma maior sensação de confusão
conceitual.
Girotto está mais próxima da vida real, do entendimento em relação ao seu trabalho. Pode ajudar o
povão ainda mais. Não necessariamente tocando Roberto Carlos
("O Portão") ao final do desfile,
mais com leituras como Marina
Lima ("Eu Não Sei Dançar") no
início.
"Gucci"
Pode-se dizer que a Lenny é a
Gucci da moda praia. Cenário de
placas de plástico negro, com
água refletindo a iluminação, a
marca de Lenny Niemeyer vende
life style e glamour, luxo em
Lycra, ensinando a ser chique
com pouca roupa.
Comportados, seus maiôs
(quantos!) e biquínis envolvem
corpos ricos -nem sempre sarados- de iates, chaise-longues,
areias exclusivas e escaldantes em
balneários daqui e de acolá.
Nesse caso, é a engrenagem que
roda ao contrário, com marcas
como Missoni ou Valentino que
olham (e copiam) formas e abordagens vistas aqui mesmo nesta
sala Pão de Açúcar do Fashion
Rio.
Reinvenção
E é de lá que Lenny reina. Um
pouco repetitivo, é verdade, mas
são os estilistas de beachwear que
ganham a ingrata tarefa de reinventar a roda dos triângulos de tecido mais importantes da história
da moda.
A Lenny abre desta vez seu leque, tornando tudo um pouco
mais jovial. O casting era cinco estrelas, e as meninas estavam lindas. As novidades: os drapeados
Vionnet, os vazados, os xadrezes.
Percebeu? A Lenny faz melhor
do que qualquer outra marca a
transcrição do prêt-à-porter para
a água (o étnico, o natural, os anos
50).
Conselhos: poderia ser ainda
mais enxuto, não precisava do sax
brega na música, poderia ter aberto com Michelle Alves, "o corpo"
oficial da moda. Mas, como tudo
na vida, são opções.
Outro momento foi protagonizado pelo músico Davi Moraes.
Ontem, na Complexo B, ele sem
querer querendo sintetizou a nova elegância carioca, costume de
linho branco, verdade tropical.
Como se diz aqui no Rio, um gato.
A jornalista Erika Palomino viajou a convite da Fashion Rio
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