São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008 |
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Mônica Bergamo @ - bergamo@folhasp.com.br Teixeira diz que Dunga fica. E Pelé só xinga
Fim de jogo no Mineirão. Uma repórter se aproxima do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, na cabine VIP montada pela entidade para convidados especiais, que foram ver o jogo do Brasil contra a Argentina -entre outros, Ronaldinho Gaúcho e Pelé. "Posso fazer uma pergunta?" E Teixeira: "Não". Outra tentativa. "Nenhuma?" Nenhuma. Foi uma noite sofrida para o presidente da CBF. Durante a partida, ele bateu com as mãos no balcão da cabine, falou mal de jogadores -"Esse cara não dá! Não deu um passe certo!", sobre Gilberto Silva; e "o Robinho não jogou nada!". Mas preservou Dunga. "Adeus, Dungaaa! Adeus, Dungaaa!", gritava a torcida nos últimos minutos do jogo. Os VIPs olhavam de rabo de olho para Teixeira. E ele, impassível. A um de seus grandes amigos que estava no Mineirão, avisou: "Não vou tirar o Dunga. Não vou tirar!" Diz o amigo: "Quanto mais pedirem, menos o Ricardo tira ele". Nas cadeiras ao lado de Teixeira, saboreando churrasquinho no palito, água e refrigerante, estavam o ex-presidente e ministro do STF, Marco Aurélio Mello; o vice-presidente da República, José Alencar; Pelé; e o anfitrião, o governador de Minas, Aécio Neves. O segundo tempo foi dramático para a turma. Em especial para Pelé. "Vai! Vai! Não precisa esperar o juiz apitar! Puta merda!", gritava o rei quando Adriano estava com a bola. Exaltado, ele dizia: "Eles não têm...". E estalava os dedos, movimentando o corpo. "Eles não têm... sabe?" E continuava estalando os dedos para tentar explicar o que queria dizer. Falta. Para a Argentina. Aécio se vira para Pelé: "Perigo, hein?". "O jogo vai ser decidido assim, rapaz!", diz o craque. Susto. A bola passa perto do gol do Brasil. "Que é isso? Que é isso? É brincadeira, rapaz!", diz o vice José Alencar a Pelé. Aos 12 minutos e 59 segundos, Pelé decreta: "Estamos perdendo o meio de campo. Tá complicado... Os argentinos estão tomando conta do campo já!". Algumas cadeiras adiante, Ronaldinho Gaúcho, que se disse "doido" ao entrar no estádio, não dá um pio sobre o time. "De fora, é difícil falar." Pelé conta uma piada ao vice-presidente e ao governador: "Dois amigos viam um jogo. Um roía a unha, gritava. O outro, quieto, com a mão no bolso. Aí o cara nervoso falou: "Você não fica tenso? Eu já comi todas as unhas...". O outro tira a mão do bolso e mostra: "Ó!" Já tinha arrancado tudo!". Fora da cabine, nas cadeiras das arquibancadas, dezenas de senadores também sofriam. Eles foram a Minas em dois grupos -um embarcou no jatinho do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE); o outro, no do senador Wellington Salgado (PMDB-MG). A família de Aécio está na arquibancada. E também Letícia Weber, 29, namorada do governador. Eles estão juntos "desde janeiro", responde ela aos jornalistas. Como ele a cortejou? "Ele é dire...tíssimo!", revela a modelo. Aos 31 minutos e 17 segundos, a Argentina quase marca um gol. O vice José Alencar grita: "Oooooolha!". Aécio diz a ele: "Tô achando que um empate já tá bom demais". Pelé se levanta da cadeira. "Eu vou embora. Ou morro do coração!". Quem foi o pior, Pelé? "O pior? Eu não vi ainda." E some. PAI DE AÉCIO "Tá tudo preparado pro Serra"
Aécio Cunha, 80, pai do governador Aécio Neves, de Minas Gerais, fez carreira política
na Arena. Deputado federal, dividia apartamento em Brasília
com o sogro, Tancredo Neves,
do MDB. "Eles nos ensinaram
que é possível divergir e conviver", diz a filha, Andréa Neves.
FOLHA - Preparado para a campanha presidencial? AÉCIO CUNHA - Eu não sou muito entusiasta dessa tese, não. O Aécio é muito jovem ainda. É uma luta muito grande, muito desigual com o José Serra. Aquela turma toda dele lá [Serra] tá muito preparada. Já fizeram campanha nacional [em 2002], já mobilizaram gente no país inteiro. E o Aécio vai começar do zero, a partir de Minas? Surgem muitas animosidades... Não gosto disso, não. FOLHA - A candidatura do Serra é mais forte? AÉCIO CUNHA - Pelos instrumentos que ele tem hoje... Tá tudo preparado para ele. Em Tocantins, por exemplo, não tem nada preparado para o Aécio. Nada. Eu estava falando com os mineiros de lá. Porque eu fui deputado por 30 anos, todos falam comigo, me contam. FOLHA - Ele então não deveria ser
candidato?
com JULIANA BIANCHI, DIÓGENES CAMPANHA e DÉBORA BERGAMASCO Texto Anterior: Crítica: Mamet busca distinção entre vício e virtude Próximo Texto: Cinema/estréias: Aragão "inova" no cinema e na TV Índice |
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