São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

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crítica

Longa acerta na ação, mas perde humor de Didi

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Já se sabe que, no cinema, Xuxa e Renato Aragão não têm o mesmo poder de fogo junto ao público infantil.
Mas a diferença, a favor de Renato Aragão, está em uma tradição construída ao longo de mais de 30 anos -algo que não se perde assim tão facilmente.
"O Guerreiro Didi e a Ninja Lili", o melhor entre seus filmes recentes, representa um respeitável esforço para agradar fãs e reconquistar o público espectador.
Mesmo se ressentindo de visíveis limitações de orçamento, o 47º longa-metragem de Didi busca um capricho visual como não se viu nos últimos anos.
À procura de uma melhor sintonia com a garotada de hoje, o diretor Marcus Figueiredo aplica ao filme uma linguagem ágil e com mais ação, que se reflete na tentativa de reproduzir, na telona, uma combinação das estéticas das histórias em quadrinho e do videogame.
"O Guerreiro Didi e a Ninja Lili" é uma curiosa mistura de "Oliver Twist" e do "Kill Bill" de Quentin Tarantino.
A história se passa em meados do século 20 e começa no Japão, onde a menina Lili (Livian Aragão, filha do humorista) é treinada por seu mestre (Ken Kaneco).
A ação continua na Europa, onde a garota é recebida por sua tia Morgana (Vanessa Lóes), enquanto busca o pai, que luta na guerra.

Protetor no jardim
Discípulo do mesmo mestre japonês, Didi emprega-se na casa como jardineiro para, na verdade, proteger a menina.
Enquanto isso, na cidade, um grupo de crianças órfãs é explorada pelo vilão Jack (Cadu Fávero).
Essa opção de misturar assuntos e espaços, ignorando qualquer obrigação xenófoba de situar a história no Brasil, é no mínimo corajosa. Ainda que quase sempre mal resolvida, ela permite a renovação e a introdução de novos elementos nas aventuras de Didi.
Ao mesmo tempo, o roteiro cria poucas oportunidades para a comédia -justamente a especialidade de Aragão.
Os melhores momentos desse trabalho são mesmo as cenas de ação. Sem qualquer compromisso realista, elas recorrem às cores e às sombras como recursos para enriquecer a cena.
Nos momentos dramáticos e melodramáticos, porém, o filme cai muito -o que prejudica bastante o ritmo e compromete seu resultado final.


O GUERREIRO DIDI E A NINJA LILI
Produção:
Brasil, 2008
Direção: Marcus Figueiredo
Com: Renato Aragão, Livian Aragão, Ken Kaneco, Vanessa Lóes, Cadu Fávero, Marcello Novaes, Werner Schünemann
Quando: a partir de hoje no Espaço Unibanco Pompéia 9, Plaza Sul 6, Interlagos 3, Eldorado 7, Kinoplex Itaim 3 e circuito; classificação: 10 anos
Avaliação: regular


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