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crítica
Longa acerta na ação, mas perde humor de Didi
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Já se sabe que, no cinema, Xuxa e Renato
Aragão não têm o mesmo poder de fogo junto ao
público infantil.
Mas a diferença, a favor de
Renato Aragão, está em uma
tradição construída ao longo
de mais de 30 anos -algo que
não se perde assim tão facilmente.
"O Guerreiro Didi e a Ninja
Lili", o melhor entre seus filmes recentes, representa um
respeitável esforço para
agradar fãs e reconquistar o
público espectador.
Mesmo se ressentindo de
visíveis limitações de orçamento, o 47º longa-metragem de Didi busca um capricho visual como não se viu
nos últimos anos.
À procura de uma melhor
sintonia com a garotada de
hoje, o diretor Marcus Figueiredo aplica ao filme uma
linguagem ágil e com mais
ação, que se reflete na tentativa de reproduzir, na telona,
uma combinação das estéticas das histórias em quadrinho e do videogame.
"O Guerreiro Didi e a Ninja
Lili" é uma curiosa mistura
de "Oliver Twist" e do "Kill
Bill" de Quentin Tarantino.
A história se passa em meados do século 20 e começa no
Japão, onde a menina Lili
(Livian Aragão, filha do humorista) é treinada por seu
mestre (Ken Kaneco).
A ação continua na Europa, onde a garota é recebida
por sua tia Morgana (Vanessa Lóes), enquanto busca o
pai, que luta na guerra.
Protetor no jardim
Discípulo do mesmo mestre japonês, Didi emprega-se
na casa como jardineiro para, na verdade, proteger a
menina.
Enquanto isso, na cidade,
um grupo de crianças órfãs é
explorada pelo vilão Jack
(Cadu Fávero).
Essa opção de misturar assuntos e espaços, ignorando
qualquer obrigação xenófoba de situar a história no
Brasil, é no mínimo corajosa.
Ainda que quase sempre
mal resolvida, ela permite a
renovação e a introdução de
novos elementos nas aventuras de Didi.
Ao mesmo tempo, o roteiro cria poucas oportunidades para a comédia -justamente a especialidade de
Aragão.
Os melhores momentos
desse trabalho são mesmo as
cenas de ação. Sem qualquer
compromisso realista, elas
recorrem às cores e às sombras como recursos para
enriquecer a cena.
Nos momentos dramáticos e melodramáticos, porém, o filme cai muito -o
que prejudica bastante o ritmo e compromete seu resultado final.
O GUERREIRO DIDI E A NINJA LILI
Produção: Brasil, 2008
Direção: Marcus Figueiredo
Com: Renato Aragão, Livian Aragão, Ken Kaneco, Vanessa Lóes,
Cadu Fávero, Marcello Novaes,
Werner Schünemann
Quando: a partir de hoje no Espaço Unibanco Pompéia 9, Plaza Sul
6, Interlagos 3, Eldorado 7, Kinoplex Itaim 3 e circuito; classificação: 10 anos
Avaliação: regular
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