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Casa Laboratório da Pontedera adapta "Quixote"
DO ENVIADO A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Nasceu o grupo artístico da Casa Laboratório para as Artes do
Teatro (Clat), extensão da italiana
Fondazione Pontedera Teatro no
Brasil, em São Paulo.
Passados seis meses de atividades, desde o lançamento do projeto, foram definidos 16 nomes (13
atores, três produtores) pinçados
entre 700 candidatos.
A seleção foi gradativa, com
acompanhamentos do diretor-artístico da Pontedera, Roberto
Bacci, da sua co-diretora e produtora, Carla Pollastrelli, e do ator
brasileiro Cacá Carvalho (dirigido
por Bacci no solo "A Poltrona Escura", no teatro Alfa).
O recém-criado grupo da Clat já
ensaia a sua primeira montagem,
uma adaptação de "Dom Quixote", de Miguel de Cervantes. A estréia será em abril de 2005, ano do
centenário da publicação do livro
-Carvalho assinará a direção, e
Márcio Medina, a cenografia.
Um texto clássico e, por isso,
passível de interpretações literalmente estereotipadas. É o que
move Bacci a assumir a "herança"
desse romance seminal.
"Alonso, o bom, aquele que se
torna d. Quixote, descobre que
tem uma herança que carrega nas
costas como se fosse o seu pai. É
com ela que sai de casa e se aventura pela mundo, mas sem jamais
deixar de ser ele, Alonso", diz Bacci, 55. "Quantas vezes não somos
traídos por esse pai que trazemos
nas costas?", lança a analogia.
A Pontedera existe há 30 anos. A
parceria ítalo-brasileira, em suma, está voltada para a produção
artística, formação, residência e
encontros no âmbito do teatro
não-comercial. É intenção levar
peças ou cursos a bairros distantes e trabalhar com crianças e idosos. "Não é um projeto que acaba
no espetáculo", diz Carvalho, 51.
No início do mês, num dia de
atividades na sede da Funarte, no
bairro paulistano de Santa Cecília,
em parte acompanhado pela Folha, os atores realizaram movimentos de tai chi chuan, capoeira
e caboclinho (dança nordestina),
passando depois aos primeiros
esboços de cenas de "d. Quixote".
Há atores de diversos Estados
do Brasil. "É um trabalho no qual
a gente sente nossas pernas", diz o
pernambucano César Negro, 27.
Não se concebe uma "colonização" dos italianos. A Clat quer,
antes, trocar. "Ter um espaço que
pense o teatro sobretudo sob o
ponto de vista do ator é uma
oportunidade rara", diz a baiana
Evani Tavares, 35.
"Na produção, não estamos isolados, pensamos conforme a criação artística", diz a carioca Daniela Fraga Lima. Com os outros dois
produtores, ela embarca em setembro para a Itália, onde vão
completar a formação.
A Clat é uma realização de Secretaria Municipal da Cultura de
SP, Regione Toscana, Fondazione
Pontedera Teatro, Istituto Italiano di Cultura de SP e Funarte,
com colaboração do Sesc-SP. A
primeira etapa consumiu cerca de
R$ 220 mil.
(VALMIR SANTOS)
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