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Festival traz tropa de choque de sopros
Quinteto da Filarmônica de Berlim, a melhor do mundo, faz apresentações hoje e no sábado em Campos do Jordão
Repertório homenageia classicismo de Mozart e apresenta a "Clássica", de
Prokofiev, e a "Sinfonia em Dó
Maior", de Stravinski
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Campos do Jordão recebe,
nesta semana, a tropa de choque da melhor orquestra do
mundo. O Quinteto de Sopros
da Filarmônica de Berlim faz
duas apresentações no Festival
Internacional de Inverno.
Hoje, eles são convidados da
Orquestra Sinfônica Municipal
de Campinas, sob a batuta de
seu regente titular, o suíço Karl
Martin. Sem a flauta de Michael Hasel (porque a peça só
tem quatro instrumentos solistas), o grupo toca a "Sinfonia
Concertante K. 297b", do compositor-tema do festival, Mozart. O programa é complementado por duas sinfonias de
compositores russos (já que a
música daquele país é outro tema do festival): a "Clássica", de
Prokofiev, e a "Sinfonia em Dó
Maior", de Stravinski.
No sábado, já com a formação completa, o conjunto se
apresenta no Palácio Boa Vista.
No programa, mais obras do
mestre do classicismo austríaco, cujo 250º aniversário é celebrado neste ano: ao lado de autores russos como Edison Denissov (1929-1996) e Andrei
Rubtsov, de 24 anos de idade,
serão executadas transcrições
de Hasel de peças de Mozart
para órgão mecânico.
Repertório restrito
"Como Mozart não escreveu
obras originais para nossa formação, apelamos para transcrições", explica o clarinetista
Walter Seifarth. "O festival nos
pediu também obras da Rússia,
o que não foi fácil, porque o repertório deles para quinteto de
sopros é muito pequeno."
Chamada de "Três Estados
de Espírito", a peça do jovem
Rubtsov é constituída por três
movimentos de título sugestivo: "Vazio", "Tristeza" e "Frivolidade". O grupo travou conhecimento com ela durante uma
turnê pela Venezuela.
Assim como Hasel e os outros membros do quinteto (Andreas Wittmann, oboé; Henning Trog, fagote; e Fergus
McWilliam, trompa), Seifarth
está no grupo desde a sua fundação, em 1988.
"Convidei meus colegas para
uns concertos que íamos fazer
no Café Einstein, em Berlim,
sem a pretensão de formar um
grupo", relembra. A experiência deu certo, e eles resolveram
pedir autorização à direção da
filarmônica à época, sob a batuta do autocrata Herbert von
Karajan (1908-1989), para usar
o nome oficial da orquestra.
Depois da experiência pioneira do quinteto, hoje são 24
as formações camerísticas formadas no bojo da melhor orquestra do mundo.
Além de concertos ao redor
do globo como uma turnê pelo
Japão -agendada para outubro-, o grupo ainda cumpre intensa agenda de gravações pelo
selo escandinavo Bis, para o
qual acaba de registrar um álbum com a música de compositores franceses, como Jolivet,
Tomasi e Taffanel.
Para um remanescente da
era Karajan (que dirigiu a orquestra desde 1955 até sua
morte), os tempos sob Simon
Rattle, que comanda a filarmônica desde 2002, não poderiam
ser mais distintos.
"Rattle ampliou o repertório
e trouxe estilos e autores diversos para a orquestra", compara.
"Nossa maneira de tocar Beethoven e nosso conhecimento
de história da música mudaram
completamente, embora algo
da sonoridade anterior ainda
permaneça."
QUINTETO DE SOPROS DA FILARMÔNICA DE BERLIM
Quando: hoje, às 21h, e sáb., às 16h30
Onde: hoje no auditório Cláudio Santoro (av. Arrobas Martins, 1.800, Campos
do Jordão, tel. 0/xx/12/3662-2334) e
sáb. no Palácio Boa Vista (av. Dr. Adhemar de Barros, 3.001, Campos do Jordão, tel. 0/xx/12/3662-1122)
Quanto: hoje, R$ 60, e sáb., R$ 80
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