São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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Especial retrata mito Raphael Rabello

"Mosaicos" seleciona imagens do músico morto aos 32 anos e apresenta homenagens de novos violonistas

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mito em vida, por causa de sua absurda capacidade de tocar violão, Raphael Rabello confirmou essa condição ao morrer muito precocemente, aos 32 anos, em 1995.
De certa forma, os 48 minutos de "Mosaicos - A Arte de Raphael Rabello", que a TV Cultura exibe hoje, reforçam esse lado mítico. O músico que aparece em imagens dos programas "Ensaio", "Metrópolis" e "Mudando de Conversa" fala pouco, com reticências... Colegas ressaltam sua intuição e o exaltam como um ser quase sobrenatural. Ninguém questiona o fato de, no final da vida, ele ter sido "tomado" pelo flamenco e perdido muito de sua sutileza.
É normal que seja assim. Como conta o especial, Raphael já era admirado aos 13 anos. Aos 15, integrou o grupo Os Carioquinhas. Aos 17, a Camerata Carioca. Conquistou a admiração de grandes mestres e, versátil, tornou-se um exemplo supremo de virtuosismo e, ao mesmo tempo, um requisitado violonista de estúdio, acompanhando muitos cantores.
O que "Mosaicos" mostra menos do que poderia é música. Ou melhor, música na íntegra. Quem sabe por causa do nome do programa, só há trechos de números de Raphael.
Fica a frustração de, por exemplo, só assistir a um pedacinho do encontro dele com Zezé Gonzaga em "Duas Contas" (de Garoto, um de seus violonistas preferidos). Ou de não ver/ouvir toda a sua versão heterodoxa de "Garota de Ipanema". Felizmente, o corte é menor em "Todo o Sentimento" (com Elizeth Cardoso).
Ponto positivo é a lembrança do papel fundamental que Dino 7 Cordas e Jaime Florence, o Meira, tiveram para Raphael. O primeiro foi seu espelho artístico e professor informal; o segundo, formal, como também foi de Baden Powell, Mauricio Carrilho e outros.
Ainda há espaço para Raphael, do seu jeito econômico, exaltar os "neonacionalistas" Villa-Lobos ("Eu sou fichinha do Villa, sou tiete"), Radamés Gnattali ("Foi Radamés que abriu as coisas para mim, que tirou as fronteiras") e Tom Jobim, que o considerava o maior violonista brasileiro e o ajudou no disco "Todos os Tons" (92).
Há vários números feitos especialmente para o programa.
Euclides Marques e Luizinho 7 Cordas interpretam, por exemplo, o arranjo de Raphael para "Conversa de Botequim" (Vadico/Noel Rosa). Já os virtuoses Yamandú Costa, Rogério Caetano e Alessandro Penezzi tocam temas em separado e se juntam em "Desvairado" (Garoto). A mais nova geração de fenômenos é representada pelo gaúcho Caraí Guedes, 13, que executa "Meu Avô" (de Raphael). O mito é referência real para quem veio depois.

MOSAICOS - A ARTE DE RAPHAEL RABELLO
Quando: hoje, às 20h30
Onde: na TV Cultura
Classificação indicativa: livre


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