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CRÍTICA DRAMA
Maxwell faz western em tom íntimo e apaixonado
"Ode ao Homem que se Ajoelha" esteve no 10º FIT no fim de semana
CHRISTIANE RIERA
ENVIADA ESPECIAL A SÃO
JOSÉ DO RIO PRETO
Palco árido. Um homem
entra e se ajoelha. Surge um
caubói que lhe aponta uma
arma imaginária. Momento
de execução. Na iminência
da ação, a cena congela sob a
luz de um refletor que lança
sombra ao fundo, duplicando a dimensão do drama em
imagem avassaladora.
"Estou sentindo", diz a vítima em agonia. O "Homem
Ajoelhado" recita um discurso poético fundindo o percurso da bala com uma história
de amor não correspondido.
É como se Clint Eastwood,
em paisagem de Sérgio Leone, se revelasse com o lirismo
de Cormac McCarthy. Penhascos engolem os personagens neste western traduzido para o mundo íntimo.
O caubói assassino se move para encontrar outras figuras clássicas. O "Homem
Arrojado" só contrata cavaleiros de corações partidos. A
"Mulher que Espera" viverá o
dilema de um triângulo amoroso. Todos cantarão seus
dramas em arroubos subjetivos, embalados por violão e
piano acolhedores.
À frente da New York City
Players, o diretor Richard
Maxwell, com encenação seca, dá mergulhos verticais
em personagens com poesia
única. A forma estática das
cenas tem bidimensionalidade enganosa, pois sua recepção inquieta o espírito.
No final, o caubói congela
ao observar o pôr do sol. Solene, mão tensa no revólver,
um charmoso chapéu. A música revela que seu corpo está
frio: "Resista!". A conquista
do oeste está ali, chapada e
estirada em sombra negra.
Nostalgia de uma América
hoje em trevas?
"Ode ao Homem que se
Ajoelha" exalta, além de figuras míticas, o amor por homens comuns numa sincera
ode ao teatro.
A crítica CHRISTIANE RIERA hospeda-se a
convite do evento
ODE AO HOMEM QUE SE
AJOELHA
AVALIAÇÃO ótimo
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