São Paulo, terça-feira, 20 de julho de 2010

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CRÍTICA DRAMA

Maxwell faz western em tom íntimo e apaixonado

"Ode ao Homem que se Ajoelha" esteve no 10º FIT no fim de semana

CHRISTIANE RIERA
ENVIADA ESPECIAL A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Palco árido. Um homem entra e se ajoelha. Surge um caubói que lhe aponta uma arma imaginária. Momento de execução. Na iminência da ação, a cena congela sob a luz de um refletor que lança sombra ao fundo, duplicando a dimensão do drama em imagem avassaladora.
"Estou sentindo", diz a vítima em agonia. O "Homem Ajoelhado" recita um discurso poético fundindo o percurso da bala com uma história de amor não correspondido. É como se Clint Eastwood, em paisagem de Sérgio Leone, se revelasse com o lirismo de Cormac McCarthy. Penhascos engolem os personagens neste western traduzido para o mundo íntimo.
O caubói assassino se move para encontrar outras figuras clássicas. O "Homem Arrojado" só contrata cavaleiros de corações partidos. A "Mulher que Espera" viverá o dilema de um triângulo amoroso. Todos cantarão seus dramas em arroubos subjetivos, embalados por violão e piano acolhedores.
À frente da New York City Players, o diretor Richard Maxwell, com encenação seca, dá mergulhos verticais em personagens com poesia única. A forma estática das cenas tem bidimensionalidade enganosa, pois sua recepção inquieta o espírito.
No final, o caubói congela ao observar o pôr do sol. Solene, mão tensa no revólver, um charmoso chapéu. A música revela que seu corpo está frio: "Resista!". A conquista do oeste está ali, chapada e estirada em sombra negra.
Nostalgia de uma América hoje em trevas? "Ode ao Homem que se Ajoelha" exalta, além de figuras míticas, o amor por homens comuns numa sincera ode ao teatro.

A crítica CHRISTIANE RIERA hospeda-se a convite do evento


ODE AO HOMEM QUE SE AJOELHA

AVALIAÇÃO ótimo




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