Além da apresentação, instituto prepara catalogação de acervo da cantora, que será aberto ao público em 2011

Aniversário dela teria sido na sexta; coleção inclui registros sonoros inéditos, como primeiro show no Canecão

LUIZ FERNANDO VIANNA
DO RIO

O show que o Instituto Moreira Salles realiza hoje, no Rio, para marcar os 90 anos de Elizeth Cardoso -completados na sexta-feira- é uma fresta para uma relação que se tornará pública em 2011.
A instituição adquiriu o acervo de Elizeth (1920-1990) em 2003 e concluirá até o ano que vem a catalogação dos cerca de 360 "suportes sonoros" (fitas, LPs, CDs...), 1.400 fotografias e 450 documentos (manuscritos, agendas, livros, cartas etc.). A consulta será possível pela internet.
Hoje, Áurea Martins, uma das intérpretes preferidas de Elizeth, cantará um repertório escolhido pelo biógrafo da cantora, Sérgio Cabral, que apresentará o show.
Ao lado do violonista Bilinho Teixeira, Áurea mostrará "Meiga Presença", "Canção de Amor", "Janelas Abertas", "Barracão" e outras. Tais músicas foram eternizadas pela "mãe de todas as cantoras do Brasil", como definiu Chico Buarque no encarte do último disco de Elizeth, "Todo o Sentimento", que ela não viu lançado devido ao câncer no estômago.
"Apelo" fecha o show, como Elizeth costumava fazer. Um dos registros mais importantes do acervo, inédito, é o primeiro show dela no Canecão, em 1971, que termina com essa canção enquanto o coro interpreta Bach.
Após o arranjo do maestro Lindolfo Gaya, Elizeth agradece. "Obrigado até a você, Ary Valdez, meu marido", alusão sarcástica e doída a alguém que morrera dez anos antes e de quem ela estava separada havia três décadas. Depois, ela canta um trecho de "Apesar de você".
A mulher de muitos amores se queixava no fim da vida a Herminio Bello de Carvalho: "Não tenho nem quem me mande à merda". Na coleção de fitas cassetes há ensaios, como um com Baden Powell, e duetos informais, caso de um encontro com Rosita Gonzales.