São Paulo, segunda-feira, 20 de agosto de 2007

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O ano delas de novo

Como em 2006, o pop de 2007 é dominado pelas mulheres, com as novas Kate Nash e Amy MacDonald e o retorno de M.I.A.

Clare Nash/Divulgação
A cantora inglesa Kate Nash, cujo disco de estréia, "Made of Bricks", chegou ao primeiro lugar da parada britânica


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Se dependesse dos marmanjos, o noticiário pop em 2006 teria sido muito chato. O ano passado foi agitado, divertido e empolgante por causa delas. E 2007 não está sendo diferente.
Além das brigas e bebedeiras em público, as cantoras Lily Allen e Amy Winehouse utilizaram música antiga, como ska, soul, reggae e jazz, para renovar a música de hoje; em outra frente, a estilosa Kate Jackson (vocalista do Long Blondes) virou referência para adolescentes, enquanto a orgulhosamente gorda e lésbica Beth Ditto (do Gossip) foi responsável por uma das faixas do ano, "Standing in the Way of Control".
Elas continuam movimentando revistas, jornais, sites e blogs em 2007, e agora ganham a companhia de gente bem nova, como a pós-adolescente escocesa Amy MacDonald, e de gente não tão nova assim, como a anglo-cingalesa M.I.A., cujo novo disco consegue reunir Rio de Janeiro, música indiana, electro, ragga e um sem-fim de batidas e ritmos distintos.
Uma das grandes surpresas de 2007 vem com uma jovem inglesa de voz única, que embala suas canções pop, folk e electro numa cadência quebrada, rápida, quase como num rap.
Aos 20 anos, Kate Nash teve uma trajetória instantânea. Um ano e meio atrás, estudava teatro e tentava engrenar carreira de atriz. Num acidente, caiu na escada de sua casa e quebrou o pé. Teve de ficar em casa por mais de três semanas. Ganhou uma guitarra dos pais e, com o auxílio de um software de criação musical, passou a compor canções sobre o seu dia-a-dia. Na semana passada, seu disco de estréia, "Made of Bricks", chegou ao primeiro lugar da parada britânica e ela ganhou do jornal "The Independent" a classificação "a coisa mais quente no pop".
"Eu estava realmente chateada, porque minha mãe, que é enfermeira, sempre dizia "Se você não se dedicar na escola, vai terminar trabalhando no Safeways [rede de supermercados inglesa], blablablá". Mas eu me dedicava e, mesmo assim, arrumava apenas empregos ruins", ela disse em entrevista ao "Independent".
Enquanto trabalhava em lojas de roupa e cadeias de fast-food, Nash começou a compor. Uma de suas primeiras músicas, "Caroline's a Victim", narrava a história de uma garota patricinha obcecada pela banda The Killers.
Colocou a música no MySpace. Uma de suas primeiras fãs foi justamente Lily Allen, que passou a elogiar Nash. Dali, ganhou contrato com um selo independente. A capacidade de transformar pequenas historietas urbanas em canções é o principal trunfo de Kate Nash.
Em "Birds", temos o metrô londrino como pano de fundo de um romance; em "Foundations", ela fala sobre o namorado tosco que a humilhava na frente dos amigos.

Nova Lily Allen
A comparação com Lily Allen, 22, que também canta "a vida como ela é" foi inevitável. "Ela estava sob os holofotes e me ajudou, sim. Mas eu tenho sido chamada de "próxima Lily Allen" apenas porque sou garota. Nós não soamos parecidas."
Ao jornal "The Guardian", Nash fala sobre a nova geração de cantoras pop: "Quando eu era pequena, nossas modelos de vida eram falsas, magras, lindas [...] Hoje todas têm estilos e corpos diferentes".
"Made of Bricks" deve chegar ao Brasil em setembro.


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