São Paulo, quinta-feira, 20 de agosto de 2009

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Curtas invadem 11 salas da cidade

20º Festival Internacional de Curtas de SP começa amanhã com sessões gratuitas e cerca de 400 títulos

ANA PAULA SOUSA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na primeira edição, foram 60 filmes, alguns deles entregues em fitas VHS um tanto amassadas. Passados 20 anos, morto o VHS e reinante o formato digital, foram, entre brasileiros e estrangeiros, cerca de 2,4 mil inscritos. Os números atestam: os curtas-metragens vivem a era do excesso. E é nesse ambiente que o Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo completa 20 anos.
"O curta é o formato dos novos espaços de exibição, como internet e celular. Me arrisco a dizer que o curta tem um tempo que combina com o tempo das pessoas hoje", diz Zita Carvalhosa, diretora do evento, o maior do gênero na América Latina.
O festival reunirá, em 11 salas, cerca de 400 títulos em sessões gratuitas. "Com tantos e novos acessos, e talvez excessos, o que faz a diferença é a escolha; é a maneira de mostrar esses filmes", aposta Carvalhosa, que, para esta edição, criou o tema "escritas do cinema", referindo-se não apenas à linguagem, mas também aos modos de recepção de um filme.
Em tempos de imagens a um clique, o festival propõe a experiência coletiva e conversas com os diretores. "Na internet, a audiência é muito maior. Só o trailer do meu filme teve 4 mil acessos. Mas, no festival, o envolvimento do público é outro", diz Júlio Taubkin, que fez, com Pedro Arantes, "A Guerra de Arturo". "Por outro lado, só a internet produz um sucesso como "Tapa na Pantera"."
Se, hoje, a internet é a grande janela para os curtas, cabe lembrar que houve, em outros tempos, outros estímulos.
Em contexto bem diferente, em meados dos anos 80, com a regulamentação da Lei do Curta, que obrigava as salas de cinema a exibir o formato, também houve uma explosão. Outro momento importante deu-se após o fim da Embrafilme, em 1990.
"Com a diminuição da produção de longas, os curtas viraram a principal forma de produção de quem estava chegando ao cinema. Toda uma geração se firmou no curta", diz o realizador Francisco César Filho, referindo-se a nomes como Tata Amaral, Beto Brant, Laís Bodanzky e Jorge Furtado.
Os curtas, como se vê, estão sempre à espera de um "pretexto" para (re)existir. "Seu papel sempre foi e sempre será o da experimentação. No curta, é possível arriscar", diz Carvalhosa. Para os espectadores que temem, eles próprios, arriscar, a produtora recomenda um teste. "Acho que é só entrar na sala que o pé atrás se desfaz. E tem aquela brincadeira: curta, quando é bom, é maravilhoso; quando é ruim, acaba rápido."
Para os menos afeitos a aventuras, há, na seleção, nomes de ponta do cinema, como o tailandês Apichatpong Weerasethakul e o chinês Jia Zhang-ke, e vencedores dos principais prêmios mundiais, como o português "Arena", ganhador da Palma de Ouro, em Cannes, e a animação "Por Favor, Diga Alguma Coisa", co-produção entre Alemanha e Irlanda que levou o Urso de Ouro, em Berlim.


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