|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPINIÃO
Não há música feita no Brasil sem influência de Ary Barroso
RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ary Barroso é importante
por tudo. Nascido em 1903,
sua história se confunde com
a da música brasileira.
Pianista sofisticado, Ary
tocava para acompanhar filmes mudos no cinema
Odeon, participava de orquestras que tocavam no Rio
e viajavam o país, compunha
para o teatro de revista, participava de concursos de canções de Carnaval -e isso tudo antes de entrar para o rádio, quando se tornou realmente famoso, em meados
da década de 1930.
Pelas rádios como Mayrink Veiga e Nacional, Ary,
que também era autor de novelas, locutor e comentarista
esportivo (quando usava
uma gaita pra anunciar gols),
lançou incontáveis carreiras
nos famosos programas de
calouros que promovia.
Exigente, só aceitava que
executassem música brasileira e literalmente gongava
os maus cantores e músicos.
Todas as biografias passam por Ary Barroso: Raul de
Souza, Elza Soares, Luiz Gonzaga, Dolores Duran, Jamelão e centenas de outros começaram ali.
Se já teria o nome nas enciclopédias garantido pelo tanto que fez, o lugar no Olimpo
Ary garantiu com a sofisticação de suas canções e suas
inovações como compositor.
A música acima de tudo em
sua história.
Não foi apenas o inventor
do samba-exaltação, com
"Aquarela do Brasil", ou lançador da tendência nacional
de cantar a Bahia, com "No
Tabuleiro da Baiana" e "Na
Baixa do Sapateiro", mas
também sucesso internacional com todas elas.
Nascido mineiro, vivendo
no Rio de Janeiro, apaixonado pelo Nordeste, juntou
suas influências em animadas crônicas da vida carioca,
como em "Camisa Amarela",
"Morena Boca de Ouro", "É
Luxo Só", e belos sambas como "Na Virada da Montanha", "Pra Machucar meu
Coração", "Caco Velho",
"Risque" e "Folha Morta".
Todo seu cancioneiro na
íntegra é um panorama da
nossa música: não há o que
tenha sido feito desde então
que não tenha sentido a influência de Ary Barroso.
Texto Anterior: Pesquisador diz combater "amnésia musical" Próximo Texto: Última Moda - Vivian Whiteman: Chanel vive Índice
|