São Paulo, quarta, 20 de agosto de 1997.



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Álbum promete ser clássico do futuro

LUIS S. KRAUSZ
especial para a Folha

O concerto duplo de Brahms, hoje considerado a culminação de seu "opus" orquestral, acaba de ganhar uma gravação a cargo de Itzhak Perlman e Yo-Yo Ma, acompanhados pela Sinfônica de Chicago, sob regência de Daniel Barenboim.
Esse concerto foi apresentado pela primeira vez há 110 anos, e reúne as conquistas musicais dos mais de 30 anos de carreira que Brahms tinha então.
Mas juntamente com as partituras, o compositor enviou uma carta a seu editor, onde qualificava a obra como "minha mais recente tolice, qual seja um concerto para violino e violoncelo".
Em suas obras, Brahms buscou a unidade formal por meio de uma técnica de desenvolvimento de motivos sem precedente na história. O seu impulso criador aparece, aqui, com a potência característica de sua revolucionária música de câmera.
Embora repetindo o que Beethoven fizera 84 anos antes em seu "Concerto Tríplice", a obra foi recebida com reservas.
A duplicidade de solistas propõe dificuldades, e o encontro dos gigantes Perlman, Ma e Barenboim certamente não foi tão simples quanto podem sugerir a harmonia e a força dessa gravação.
Esses músicos têm, cada um, concepções claras (e fundamentadas) sobre interpretação, mas Barenboim conseguiu encontrar o que há de comum entre as idéias musicais dos dois solistas e as suas.
Autêntico trabalho de equipe, esse esplêndido registro é um clássico do futuro, destinado a receber numerosas reedições.
O mesmo CD traz também o "Concerto para Violino" de Mendelssohn, com Perlman, Barenboim e a Sinfônica de Chicago.
A obra dá amplas oportunidades a exibições de virtuosismo. Perlman aproveita-as, ostentando o brilho, a técnica e a sonoridade que lhe garantem o lugar de um dos maiores violinistas do século 20.

Disco: Concerto Duplo de Brahms e Concerto para violino de Mendelssohn Lançamento: Teldec Quanto: R$ 30 (em média)



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