São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997.



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"PROTESTOS GENUÍNOS"

"O ano de 1977 foi de grande agitação nas ruas. Não só na PUC, mas nos centros estudantis da USP, no Centro Acadêmico 11 de Agosto. Estudantes resolveram se manifestar contra as violências praticadas pela polícia (...). Foram cerca de 80 mil estudantes, se não me engano, que resolveram fazer protestos genuínos em favor da liberdade (...). A polícia preparou um verdadeiro arsenal de guerra, montando suas bases em diversos pontos da cidade. (...) Eu estava na faculdade de direito junto com os meus alunos. O Erasmo Dias apareceu em frente da tropa, elegante, de terno escuro e gravata, pegou um alto-falante de uma radiopatrulha e anunciou que, se os estudantes não evacuassem o largo em dez minutos, ele invadiria a faculdade. Lembro de ter falado na hora que era invasão de propriedade particular. Os estudantes hastearam a bandeira nacional no mastro central da faculdade e cantaram o Hino Nacional. Enquanto isso, tanques subiram na calçada, e (...) os policiais avançavam com bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes. Uns cinco dias depois, o governo cassou o mandato de Alencar Furtado, líder supremo da oposição no Congresso. Foi também o ano do lançamento da minha carta, a 'Carta aos Brasileiros', contra o regime militar, que terminava com a frase 'Estado de direito já'. (...) A reunião dos estudantes na PUC foi uma consequência disso tudo, uma resposta dos estudantes para reorganizarem a UNE."
Depoimento de Goffredo da Silva Telles, 82, advogado, escritor e professor emérito da USP




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