NEWTON CANNITO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em cinco anos, a serem completados no próximo domingo, o Canal Futura ajudou a redefinir os debates sobre a relação entre televisão e educação no país. Com o mote de educar para a cidadania, ele trabalha com vários tipos de formatos.
Os programas comuns de educação à distância continuam desempenhando um papel na universalização do ensino. Já programas como o "Cine-Conhecimento" e o "Sala de Notícias" exibem filmes e reportagens comentados por apresentadores.
O canal parece ter assimilado que a TV é ótima para catalisar o interesse dos alunos, mas não substitui professor. A estratégia de aproveitar formatos tradicionais de programação para gerar conteúdos educativos deverá crescer como tendência da TV, com a interatividade abrindo espaço para que o espectador acesse links de seu interesse -entre eles, conteúdos educativos.
Na grade do Futura há ainda espaço para formatos mais inovadores, que procuram unir educação e diversão. O exemplo é "Um Pé de quê?", com Regina Casé, no qual a atriz transmite o conteúdo interdisciplinar de história e biologia estudando árvores.
O programa põe de lado o tom professoral e dramatiza o aprendizado, mostrando o deslumbramento da atriz enquanto descobre o mundo natural. Reproduz-se o prazer pelo conhecimento, algo além da escola e do pragmatismo do vestibular.
O Futura, em seus cinco anos, superou a falsa dicotomia entre entretenimento e educação. Percebeu que não há mal nenhum em divertir o público e procura respeitar as especificidades da linguagem televisiva.
A TV não educa apenas por meio de programas didáticos; em alguns casos, pode e deve se contrapor aos valores da educação formal. O canal educativo não existe para substituir a escola, mas paralelamente ao conjunto do sistema educacional.