|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES PLÁSTICAS
Escultor mineiro lança livro e inaugura mostra com sua produção mais recente, hoje, na Pinacoteca
Amilcar de Castro volta novo aos 81 anos
RODRIGO MOURA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em frente ao edifício da Pinacoteca, nasceu um paredão de ferro,
que cinde o céu e contrasta com
os troncos magros das árvores.
Por trás da obra, o artista: Amilcar
de Castro, 81, novo em folha.
Entronado como maior escultor brasileiro vivo, renasce mais
uma vez na curadoria de Marcelo
Ferraz. A mostra faz do artista veterano não o objeto de uma retrospectiva, mas de um olhar novo, sobre trabalhos nunca vistos
que avançam, agressivos, sobre o
museu. Sai deste olhar renovado.
Notar as diferenças nesta trajetória nem sempre é fácil: o material, o ferro, é o mesmo; os procedimentos, o corte e a dobra, também são. Mas o laboratório do escultor expande o limite daquilo
que a síntese oferece e que o material suporta no plano. Então há o
paredão, 5 m x 5 m, e uma dobra
improvável, radical, de onde surgem as duas formas.
Castro abandona o polígono regular que sempre foi o nascedouro de suas formas, e uma síntese
linear se insinua. "A diferença é
que essa escultura não é dobrada
na máquina, é o peso da chapa
que faz o trabalho, com vários
maçaricos. Isso é um bocado chato porque, se a temperatura mudar, dana tudo", diz o artista.
Há ainda, do lado de fora, dez
novas obras em bloco, muros sólidos que propõem diálogos arquitetônicos. "Os deslocamentos se
evidenciam mais, e o espaço ocupado é mais generoso."
Quase desnecessariamente, a
exposição continua no interior da
Pinacoteca, com desenhos, esculturas menores e, pasme, pinturas.
"Quis fazer uma mostra em três
tempos, com escalas variadas,
mas com maior ênfase nesse aspecto ciclópico, desafiador, da
obra do Amilcar", diz Ferraz.
Vocação intrínseca da escultura, o aspecto público cativa o
olhar do crítico Ronaldo Brito.
"Essas obras novas propiciam
uma escala, o que ainda não havia. É hora de tirar isso dele, colocar os trabalhos nas cidades."
Brito assina ensaio no livro com
o nome do artista. Produzida pela
galeria Kolans e lançada hoje, a
obra repassa a trajetória do artista: advogado por formação, esquerdista de alma, aluno de Guignard por oito anos, signatário do
"Manifesto Neoconcreto", reformador gráfico do "Jornal do Brasil", professor que retorna a Belo
Horizonte e forma, pelo menos,
uma geração de discípulos.
Tornado artista aos 30 anos,
Amilcar Augusto Pereira de Castro faz 50 de escultura. E, mineirão, não é de falar muito sobre seu
trabalho. Sobre a exposição que
abre hoje, por exemplo, afirmou:
"Não acho ruim, me dá prazer fazer. Gostei de como está ajeitado".
Parece simples. Não é.
AMILCAR DE CASTRO - mostra e
lançamento de livro. Curadoria: Marcelo
Ferraz. Onde: Pinacoteca do Estado (pça.
da Luz, 2, SP, tel. 0/xx/11/229-9844).
Quando: hoje, às 20h; de ter. a dom., das
10h às 18h; até 2/12. Quanto: R$ 2. Livro:
"Amilcar de Castro". De: Ronaldo Brito e
Márcio Sampaio. Editora: Galeria Kolans
(0/xx/31/3261-3993). 306 págs., R$ 100
(brochura) e R$ 140 (capa dura).
Texto Anterior: Leia trechos de "Afeganistão e Irlanda" Próximo Texto: Multimídia: Arthur Omar ocupa todo o prédio do CCBB com êxtases e metáforas Índice
|